BREVE DESPEDIDA DO FESTIVAL FOLCLÓRICO DE PARINTINS

BREVE DESPEDIDA DO FESTIVAL FOLCLÓRICO DE PARINTINS Notícia do dia 16/01/2019

Por Tadeu Garcia - poeta parintinense

 

A MISTURA DE BOI, FRANGO E PEIXE: UM CALDO DE CULTURA SEM SABOR!

Muitas pessoas podem se surpreender com este texto, enquanto outras nem tanto!

 

Conhecem a minha missão como compositor de toadas com a fundamentação do Boi Garantido, porém com uma postura de cidadão que muda tão somente com a lógica do convencimento.

 

Prefiro aguardar, sem muito acreditar, as mudanças indispensáveis que redirecione o Festival Folclórico de Parintins ao patamar de grande evento cultural (folclórico) e turístico, observado, entre outros tantos fatores, os seguintes:


1. Gestão do Festival: Inexistem, a nível estadual e municipal, normas de natureza jurídica, administrativa e operacional para a condução anual do Festival de Parintins, assim, tudo se torna uma profunda interrogação e no final regem as ações improvisadas que derivam de heroicas vontades pessoais dos governantes;

 

2. Disputa: Os critérios de julgamentos são obsoletos e absolutamente subjetivos, formado por um emaranhado de qualidades desarmônicas. Não por razões de estratégias, mas por desconfianças recíprocas das associações (cascas de banana) nunca se conseguiu estabelecer critérios objetivos e racionais compatíveis com a dimensão do evento.

 

3. Gestão das Associações Folclóricas: Com ênfase em fazer o boi de qualquer maneira, pois só não vale perder! Se verificam as provincianas ações nos campos administrativo e financeiro, neste último, nem se fala, pois, as prestações de contas se parecem com aquelas notas de arrecadação e gastos de festas de boneca vida da Comunidade habitada pelos humoristas Juveco e Puqueca. Se for efetuada as peças contábeis de Balanço Patrimonial e Demonstrações de Resultado do Exercício fatalmente estará explícito que, ambos os bois, se encontram em estado de insolvência, devido ao processo cumulativo de dívidas derivadas de seguidas gestões temerárias.

 

O tratamento dado aos credores é de pura enganação, aí incluídos compositores, artistas, prestadores de serviços, fornecedores e funcionários, gerando um clima de indisfarçável desolação entre aqueles que tem compromissos vencidos e/ou perderam seus créditos por não se ter horizontes de recebimento.

 

O Festival que pressupõe uma disputa por quem realiza a melhor FESTA, na minha pequena visão, tornou-se tão somente um laboratório empírico de um espetáculo a céu aberto conforme engendrou um marqueteiro, os presidentes contratam e escalam, com seus sensos de dramaturgia, raros profissionais e muitos amadores que recebem tanto quanto os primeiros.

 

O Folclore se relaciona às tradições representativas da alimentação, linguagem, música e tantos outros elementos essenciais contidos nos livros de cunho científico e histórico perdeu seu tempo e seu espaço, por conta de um tal vanguardismo de mentes, olhos, ouvidos e bocas voltados para a espetacularização: “inovadora”, futurística, a qual percorre do erudito ao brega cultural, sem que lembre o caráter popular do folclore.


O SEU VERDADEIRO PAPEL LÚDICO OU DE ENCANTAMENTO ÀS CRIANÇAS DE TODAS AS IDADES E INDEPENDENTEMENTE DE CONDIÇÕES SÓCIO- ECONÔMICAS, SE ESVAZIOU.


Os pensadores e os gurus do Festival Folclórico que impuseram, sutilmente, na década passada, a ideologia ambientalista-indigenista da Amazônia, não tiveram nenhum resultado prático: O Brasil continua de costa para a linha do Equador, as ONGS faturaram com o discurso e estão imersas em dólares e a verdade é que nunca existiu um processo endógeno que demonstrasse que a preservação da Amazônia é uma decisão deliberada dos seus caboclos.

 

Agora carregam as tintas da ideologia no estado de caos político, moral e ético em transe nesse País, embolando a mente com as causas das minorias e de temáticas em voga, colocando ao expectador da festa e ao turista uma mistura de boi, frango e peixe num caldo de cultura sem sabor.

 

No campo musical, onde se identificava na toada, as características diferenciadas de cada boi, hoje se encontra tudo igual e, pior, nivelado por baixo, não se aposta em quem consiga cantar músicas de ritual indígena, lenda amazônica e figura típica regional dos anos anteriores, por conta das fraquezas melódicas e harmônicas distanciadas da célula musical da toada.

 

Atualmente usa-se o Boi, aliás ambos os bois, como instrumentos ideológicos e acadêmicos, aproveitando-se da arte para servir-se, no poder de comunicação que o boi ainda dispõe, de suas bandeiras de “ismos”, desde o velho modismo de protestos, pressupondo justificar suas posições de vanguardas e contemporâneas.

 

O Festival Folclórico de Parintins atualmente se assemelha a um Evento de Performance dos Coletivos Azuis e Vermelhos.
De um lado: NÓS, O POVO implode em vertentes de cunhos políticos
NÓS e ELES é a uma frase mágica de um político brasileiro! ELES: quem são? ELE`S NÃO...  Vê-se que não existe nem verbo e muito menos predicado, ficando tudo no pejorativo e depreciativo.


Para compensar, alguns pincelam a falácia da repetição das raízes de um povo (composta em 1992 – por Chico da Silva) com repetições entrecortada de Miscigenação e que chegou a exaustão no Auto da Resistência.


De outro extremo equivalente a MÁTRIA BRASILIS que poderia reencarnar o desejo de empoderamento das Amazonas, contadas na história e nas lendas, com realce à absoluta ausência de amor maternal em relação aos filhos-homens, embasando que se troca sentimentos naturais e nobres por instintos de poder que, nos modos humanos, sempre será transitório.


O feminismo contemporâneo que amplifica as múltiplas opções sexuais, a partir de dois ou mais indivíduos, modernizando o matriarcado que prevê a orientação da sexualidade aos filhos baseada no novo conto do chapeuzinho vermelho.
Sem conseguir ajustar-me a essas temáticas, ainda assim continuo compondo para meu brinquedo de amar, espero colocar nos próximos dias um CD Digital a ser distribuídos nas várias lojas online pela www.onerpm.com.br, no qual serão incluídas músicas inéditas que poderão ser baixadas por contribuições módicas que permitam elaborar novos trabalhos musicais para divulgação. Desde já, agradeço ao público que espontaneamente nos ajudará a alcançar essa meta.


DÉCIMA QUINTA EVOLUÇÃO, DIMENSÕES DO VAQUEIRO, CUNHÃ GUERREIRA, LINHA DO TEMPO, VARZEIRO, CRIADOR DE GADO (BON VIVANT), ESTANDE DE ARTE, MUSA RAINHA II, NAWÊ e BREVE DESPEDIDA.

 

Esta última representa o fundo musical do sentimento que me absorve neste início do novo ano, em que a fibra da lucidez sempre será maior que as decepções e os desencantos.


O guerreiro dá uma pausa nesse campo e segue agindo e pensando em outros campos onde poderá dar sua contribuição modesta ao conhecimento e compreensão do regionalismo nortista diversificado na poesia, nos contos, nas músicas de beiradões.


“No Nordeste, o sol resseca a cacimba para encher de lágrimas os olhos do sertanejo;
Na Amazônia o rio inunda a várzea para secar a angústia no coração do caboclo”*
(*) Poeta amazonense não identificado.

 

Por Tadeu Garcia - poeta popular parintinense

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