Ibama anuncia mega fiscalização para o Baixo Amazonas após a eleição

Ibama anuncia mega fiscalização para o Baixo Amazonas após a eleição Foto: Dilvulgação/Ibama Notícia do dia 18/09/2018

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente dos Recursos Naturais e Renováveis (Ibama/AM) através da sua Unidade Técnica em Parintins anuncia que vai começar a executar o seu “Plano Operacional 2018” com a realização de uma mega operação no combate a crimes contra o meio ambiente.

 

A informação partiu do chefe do órgão, o biólogo Messias Cursino, explicando que a data não pode ser revelada para não despertar atenção dos infratores.

 

Ele informou que de início o foco das fiscalizações será voltado as madeireiras localizadas nas regiões do Mamurú e Uaicurapá, de onde estão chegando inúmeras denúncias da retirada e transporte ilegal de madeira, além da área indígena Andirá/Mamurú onde está havendo conflito de terras e ameaças a indígenas da etnia Sateré Mawé.

 

As operações também vão abranger os municípios de Barreirinha, São Sebastião do Uatumã e Nhamundá para averiguar as inúmeras denúncias de crimes ambientais.

 

Parintins

No município parintinense, além das madeireiras instaladas nos rios Mamurú e Uaicurapá, alvos de denúncias de exploração e transporte ilegalmente madeira, a fiscalização do Ibama vai alcançar o extremo do Amazonas e Pará, precisamente na região onde estão localizadas as comunidades da Ingracia e Recordação.

 

Nessa região segundo Messias, o monitoramento feito por satélite identificou uma área de pressão de desmatamento. “É a maior ocorrência desse tipo de crime ambiental nessa área. Nós vamos fazer permanentemente um trabalho de fiscalização ou aplicação de multas. Uma equipe do Ibama fará orientações no sentido de as pessoas evitarem fazer a derrubada ilegal de madeira, bem como o combate as queimadas”, explicou.

 

Áreas do PA Vila Amazônia estarão inclusas para serem fiscalizadas. São aproximadamente 300 quilômetros de estradas, ramais e vicinais que a equipe do Ibama vai percorrer para identificar os crimes ambientais denunciados diariamente no órgão.

 

São Sebastião do Uatumã

No município, o foco de atuação do Ibama também será voltado ao desmatamento. O Município está sendo considerado pelo Ibama o campeão de desmatamento no Baixo Amazonas.

 

Durante a Operação Tucandeira realizada em setembro de 2017, foram lavrados 15 autos de infração que somaram R$ 852 mil, 15 termos de embargo que interditaram 186 hectares de áreas desmatadas e queimadas.

 

Segundo dados do órgão ambiental, no período de 2014 a 2017, o município de São Sebastião do Uatumã desmatou cerca de 1.500 hectares de florestas e passou a ser alvo de maiores investigações e monitoramento por conta, principalmente do desmatamento.

 

Fiscalizações feitas nas proximidades da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Uatumã tiveram como finalidade aumentar o grau de proteção da floresta nos rios Maripá, Cubuacá e Caranaucá.

 

Agentes do Ibama verificaram que uma das causas apontadas para o avanço do desmatamento no município é voltada a atividade pecuária que ocorre na região sem a devida regularização ambiental. 

 

A atividade da agricultura também sem a observância da regulamentação contribui para o avanço do desmatamento no município uatumãense, principalmente pela ausência dos órgãos ambientais, responsáveis pela fiscalização e expedição de licenças.

 

Dentre os municípios do Baixo Amazonas, São Sebastião do Uatumã e Urucará, foram os que tiveram a maior área desmatada em 2017, muito maior que Parintins Nhamundá e Barreirinha.

 

O município do Uatumã tem uma área de 10.741,039 KM2 e uma população estimada em 13.105 habitantes em 2016, segundo o IBGE, teve 10% de floresta perdida com queimadas e desmatamentos no ano passado.

 

Nhamundá

A constatação de exploradores de minérios no período de 19 a 28 de mês de março de 2017 por uma equipe da Unidade Técnica da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do coordenador da CTL/PIN, Sérgio Butel, na Reserva Indígena Nhamundá/Mapuera no Alto Nhamundá abrangendo a região Kaxuyana e Tunayana é o ponto central da fiscalização do Ibama.

 

De acordo com a denúncia, indígenas Hexkariana constantemente ouvem barulho de motores e aviões sobrevoando a terra indígena na região do Rio Pitinga e na Cabeceira do Igarapé da Madame, onde está havendo exploração de minérios.

 

O fato observado na área pela equipe do Ibama, Polícia Militar e índios Hexkarianas alertou até mesmo a Polícia Federal, que já fez alguns sobrevoos no local indicado pelos indígenas.

 

A área que possivelmente está sendo explorada ilegalmente é dotada de minérios valiosos, entre eles, ouro, diamante, calcário e bauxita. Recursos vegetais e a fauna também podem estar sendo agredidos por ação ilícita.

 

No local há indícios de atividade de garimpagem porque o igarapé é de água clara e límpida e a equipe da Funai pôde observar a água barrenta descendo.

 

Supõe-se que um avião que caiu no mês de maio deste ano numa área de floresta na zona rural do município de Itacoatiara com barras de ouro pode ter decolado da área que vem sendo explorada ilegalmente na terra indígena, embora um garimpeiro tenha informado que a aeronave teria decolado de Itaituba (PA).

 

Informações chegadas a reportagem apontam que uma equipe da Polícia Federal do Pará já mantem ocupação da área, cessando a atividade de garimpagem que vinha ocorrendo.

 

Fernando Cardoso | Especial

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