Por Dodó Carvalho*
Acompanho atento, o desenrolar de fatos que dizem respeito à navegação no Amazonas. O último e mais recente, foi o volume de barcos que se dirigiram a Parintins por ocasião do Festival Folclórico.
Foram centenas de barcos e lanchas, que desatracaram dos portos da capital, rumo à ilha dos “tupinambaranas”. Ali, no contexto de um grande evento, foi possível notar a importância da navegação para o Estado do Amazonas e sua economia.
Segundo a administração do porto de Parintins, foram aproximadamente 380 embarcações somente no terminal ilhéu, que conduziram quase 20 mil turistas ao município. Isso sem contar aquelas que aportaram em portos particulares. Fazendo assim, girar a roda da economia sobre as águas que ligam Manaus a ilha de Caprichoso e Garantido.
Que maior exemplo o poder público quer para acordar diante das profundas necessidades que a navegação sofre durante décadas, no Amazonas? A quantidade de embarcações singrando o caudaloso rio foi enorme. E de onde partiram? Partiram em sua grande maioria, de uma Manaus Moderna abarrotada, engarrafada, suja e desestruturada.
Não raro, viu-se e ouviu-se reclamações em redes sociais, sobre falhas desse ou daquele embarque. Algumas sobre o complicado acesso às embarcações e outros desatinos, fruto da ausência de uma regulação exigente. Além disso, a falta de sinalização também preocupa já que potentes motores foram postos num constante ir e vir, para levar e trazer passageiros. Balizar é preciso e com urgência.
O serviço prestado pelas embarcações de grande e pequeno porte é fundamental? Sim. Pode melhorar? É claro que pode. Basta que para isso, a sociedade cobre mudanças de postura. Eventos como o de Parintins, chamam a atenção do mundo e são nossos melhores indutores de riquezas via turismo.
O esforço de órgãos com a AmazonasTur, a Prefeitura de Parintins, a Capitania dos Portos – diga-se de passagem, valorosa por cumprir solitária um papel que é de todos – esbarra surreal, no exato momento em que um turista se depara com a beleza da Amazônia e a precariedade de um porto como a Manaus Moderna.
É preciso dotar Manaus com um terminal decente, que de cara seja a realidade do bom gosto que festas como a de Parintins, vendem para nós amazonenses e turistas em geral. Chegar bem em Parintins é antes de tudo sair bem de Manaus. Isso por si só provoca uma sensação de acolhimento e é um convite para o “volte sempre”.
Fazer esse dever de casa é fundamental para nos fortalecer enquanto destino turístico no Brasil e no mundo. Vamos cobrar um novo porto para a Manaus Moderna, a regulação para a navegação e a sinalização nos rios. A hora é agora.
*Empresário da navegação, vice presidente licenciado do Sindicato da Empresas de Navegação Fluvial do Amazonas - Sindarma e pré candidato a Deputado Federal.