O ex-secretário de Estado de Fazenda Afonso Lobo deve se apresentar hoje na sede da Superintendência da Polícia Federal, no Dom Pedro, Zona Centro-Sul.
Afonso Lobo é um dos cinco ex-secretários de Estado que teve a prisão preventiva decretada pela juíza Ana Paula Serizawa na Operação da Polícia Federal “Custo Político”, deflagrada nesta quarta-feira em Manaus e em outros quatro estados.
De acordo com o advogado de Afonso Lobo, Diego Gonçalves, o ex-secretário não está foragido e, nesta quarta-feira, 13, estava em viagem ao Município Humaitá para tratar de questões particulares e não sabia do decreto de prisão.
O advogado disse que a informação que tem é que Afonso Lobo deve se apresentar no final da tarde hoje na Superintendência da PF.
Diego disse que assim que soube da prisão, Afonso Lobo solicitou aos advogados que informassem à Polícia Federal e à Justiça Federal de que estaria retornando a Manaus e se apresentaria nesta quinta-feira, ainda pela manhã, ao delegado Alexandre Teixeira.
“Foragida é a pessoa que sabe que vai ser presa e desaparece ou aquela que já foi detida e consegue fugir. Já comunicamos à juíza e à Polícia Federal que ele estava em Humaitá e está voltando para Manaus hoje”, disse.
Diego Gonçalves disse não saber informar o horário e o local que Lobo chegará em Manaus e nem como o ex-secretário está se deslocando entre os municípios. “A gente ainda não sabe que horas ele vai chegar. É uma viagem longa”, disse.
Operação Custo Político
A operação “Custo Político” é um desdobramento da operação “Maus Caminhos” e atingiu, segundo a PF, os agentes públicos e políticos responsáveis por compactuar, proteger e até livrar os membros da organização criminosa de fiscalização dos órgãos de controle.
Os ex-secretários de Saúde presos são suspeitos de recebimento de propina. De acordo com o Ministério Público Federal, as propinas pagas com dinheiro público chegam à soma de R$ 20 milhões, entre 2014 e 2016.
Na operação deflagrada na manhã desta quarta-feira, 13, foram presos quatro ex-secretários de Estado do Governo José Melo: Wilson Alecrim e Pedro Elias, da Susam; Raul Zaidan, Casa Civil; e o secretário de Governo e irmão do ex-governador Evandro Melo.
Destes, todos foram presos preventivamente (sem data para serem soltos). Apenas Zaidan foi alvo de um decreto de prisão temporária de cinco dias.
A operação Maus Caminhos, de acordo com a PF, desarticulou uma organização criminosa que desviou, entre 2014 e 2016, R$ 100 milhões dos cofres públicos do Estado, liderada pelo médico Mouhamad Mostafa.
Os crimes
Os pareceres do MPF encaminhados à Justiça, embasados nas investigações policiais, apontam que 22 agentes públicos estão envolvidos nos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Segundo o MPF, os investigados eram pagos com dinheiro público para acobertar e colaborar com os desvios de verba feitos pelo grupo liderado por Mouhamad Moustafa, principal réu da operação Maus Caminhos.
Moustafa também foi preso preventivamente nesta manhã. O nome da operação faz referência à expressão usada por ele para denominar a propina paga aos ex-secretários.
Medidas judiciais
Durante a operação, executada em Manaus, Recife, São Paulo e Brasília, foram cumpridos três mandados de prisão preventiva, nove mandados de prisão temporária, 27 mandados de busca e apreensão, 27 conduções coercitivas e 18 mandados de sequestro de bens móveis e imóveis.
Rosiene Carvalho| Brasil Norte Comunicação - BNC Amazonas
*Matéria atualizada às 9h58