Notícia do dia 01/12/2017
Neuton Corrêa *
Em outubro de 1997, eu havia acabado de perder meu emprego de repórter na rádio Alvorada de Parintins.
Sabia que estava num momento crucial de minha trajetória profissional, se decidisse permanecer na atividade.
Já havia passado por outras empresas e marchar à frente seria tentar reencontrar o recomeço.
Recomeçar, para mim, àquela altura, significava voltar para o banco da escola e mergulhar nos preparativos para o vestibular.
Não foi fácil. Não era fácil encontrar alguém que concordasse que era também um veio a ser seguido.
Comum era as pessoas dizerem que eu não conseguiria abandonar a cachaça do rádio.
João do Carmo, o Careca, contudo, era aquele que seguia o curso natural da vida, subindo o rio contra a correnteza.
Foi ele o primeiro a me dizer: “Deixa essa porra (rádio) pra lá e vai estudar”.
No início de 1999, saiu finalmente o resultado daquele vestibular e meu nome estava lá, no listão do curso de filosofia.
Saí para comemorar, pelar o cabelo e, à tarde, quando penso que sou o único a festejar, lá vem o João do Carmo no motão dele com umas garrafas dizendo que a festa só estava começando.
Foi festa noite a dentro e muita filosofia.
O Careca sabia e foi um cara que me incentivou, sempre perguntando como estava o curso.
Sou muito grato às palavras. Tive a oportunidade de lhe agradecer.
Agora, meu amigo, desça o rio, porque teremos que subi-lo para encontrar suas sabedorias.
* Formado em Filosofia, mestre em Sociedade e Cultura da Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), formado em Jornalismo pela Faculdade Boas Novas e fundador do Portal BNC (Brasil Norte Comunicação)
