Tadeu Garcia *
Assim em Parintins e no GARANTIDO se tem, pelas disputas, o espírito irreverente de o vencedor zoar os adversários, seja em eleições partidárias, comunitárias, associações de bairros, competições esportivas e, principalmente, em eleições bovinas.
O resultado é uma comédia, cujo elemento de FICÇÃO é uma grande embarcação que abriga, tão somente, aqueles inconformados por uma derrota que sempre será circunstancial pois logo termina o mandato e virá novas eleições vibrantes, típicas do mundo da paixão.
Logo após o Estado Novo, iniciado em 1930, surgiram eleições municipais. Em Parintins a família Belém, tinham um DNA político de vitórias e, sempre convocava a todos para se unir e colaborar superando e respeitando as diferenças.
No entanto, uma minoria radical e recalcitrante, não atendia ao apelo civilizado e continuavam a manifestar seus dissabores do insucesso, desejando a nova gestão toda a desgraça possível.
Assim, o avô do grande prefeito Gentil Belém construiu essa ficção, depois adaptada por toda a Amazônia, em que, aos inconformados, era dada a chance de sair do lugar que seria infernal através de uma embarcação para uma atividade produtiva de extração da balata. Dessa espécie extrai-se o látex que permite a formação do chiclete enquanto substância que mantém a boca ocupada e traz relaxamento aos pensamentos.
Então, aos adversários inconformados era dada a chance de se afastar das suas discordâncias improdutivas até ter nova chance de disputar a próxima eleição democraticamente.
Então virou uma das maiores peças da Mitologia Amazônica adotadas pelos vencedores e que evolui com o tempo: no início um batelão descoberto impulsionado por barquinho de 4HP. Hoje o surrealismo é a balsa motorizada de 600 HP com camarotes e módulos abrigados segundo a polemização temática : gênero, opção sexual, indigenismo, ambientalismo, etc.. etc.
Assim, esse folclore do Balatal não pode ser perdido, menosprezado e subjugado.
Aos adversários que querem ser participativos são dados encargos nobres que revelem a sua real capacidade do que tanto reclamou, divergiu e saiu do campo teórico do falatório para a prática das soluções coletivas.
O barco do Balatal vai sair do Porto do adversário, pois o Trapiche do Garantido está, momentaneamente, ocupado por botos vermelhos, iaras caboclas, filhas do manpiguari, etc. que vão fazer festa até 24 horas após resultado.
O costume é a nossa lei maior, a tradição é a nossa legitimidade!
Por isso, a beira do rio um torcedor acredita que: SIM, NÓS PODEMOS GANHAR DE 3 X 0 e não vamos - nunca - deixar nosso verdadeiro chegar perto de um empate.
Todos somos vencedores!
* Poeta, compositor, escritor, funcionário público aposentado, técnico agropecuário e economista