* Pedro Cardoso da Costa
O Brasil já estava na UTI quando os candidatos Aécio Neves e Dilma Rousseff se digladiavam para assumirem a Presidência da República, cada um prometendo mais do que o outro fazer deste país o mais desenvolvido do mundo. A presidente, apenas com a continuidade do céu de brigadeiro em que se encontrava o país em suas mãos; o outro, após a permanência dela por dois mandatos.
Dilma Rousseff levou a melhor. O primeiro poste de Lula continuaria fincado. Como profetizara, fez o diabo e se reelegeu. Nem tomou posse direito e começaram as denúncias de abusos e a corrida pelo impeachment. Caiu. Mas, antes, o país ficou parado por quase dois anos nesse processo para se livrar de uma presidenta, que entrará para a história pela incapacidade de articular uma frase coerente e racional com mais de três palavras.
Enquanto iam crescendo as chances de cair, os seus fiéis aliados de outrora iam se afastando. O mais fervoroso articulador de sua queda, por motivos óbvios, foi o seu vice-presidente, de cuja fidelidade fora antes muito enaltecida por ela mesma.
Alçado constitucionalmente presidente, Michel Temer não respirou. Vice de um poste não poderia ser lá essas coisas. Primeiro, alguns dos seus ministros e auxiliares começaram a cair como pedras de dominó. Tornaram-se frequentes as “relotações” da Presidência da República para a Penitenciária da Papuda.
Uma denúncia atrás da outra, por óbvio não demoraria chegar ao próprio Presidente. O empresário Joesley Batista jogou a pá de cal, com a gravação de como se preside a República brasileira.
Daí em diante não se falou mais de outra coisa. O presidente da República conseguiu o ineditismo de, no exercício do mandato, ser denunciado por crime comum pela Procuradoria Geral da República.
Para se defender, o presidente foi à “feira” em Brasília. Já eram conhecidas a da madrugada em São Paulo e do Saara no Rio de Janeiro. Nelas, os produtos são de segunda, na de Brasília, talvez de terceira. Lá se vendem e se compram deputados federais, que já são pagos pela população por um trabalho que não realizam.
O pagamento vem em forma de emendas parlamentares “impositivas”; pelos malfadados cargos comissionados para apaniguados e outros meios similares.
Por enquanto, as grandes realizações presidenciais foram tapar a visão das entradas dos palácios com jarros enormes de plantas e colocar misturador de voz nos ambientes internos.
Afinal não se pode saber quem entra nos palácios presidenciais na alta madrugada e, muito menos, o que conversam. Não por acaso, entram empresários e saem bandidos.
Explica-se: no início das justificativas da conversa com Joesley Batista se dizia que o presidente recebia todo mundo na Presidência, sem agenda, sem hora marcada. Estava de portas abertas. Não entrava quem não queria. Depois da gravação, a “feira” de Brasília percebeu que o presidente recebera um “bandido” e não um empresário.
E mais dois anos se vão sem nenhuma obra relevante. Existe apenas uma reiterada tentativa de denegrir a imagem da Polícia Federal, da Justiça Federal e do Ministério Público Federal, instituições que ainda trazem alento aos brasileiros pelos relevantes serviços prestados à Nação, especialmente contra essa casta que pretende continuar dilapidando o país impunemente.
* Bacharel em direito - Interlagos/SP