Sistema garante qualidade para exportação de peixes ornamentais da Amazônia

Sistema garante qualidade para exportação de peixes ornamentais da Amazônia Fotos: Agência Fapeam Notícia do dia 07/07/2017

A ideia é utilizar plantas aquáticas em tanques e aquários de peixes ornamentais para eliminar substâncias tóxicas que interferem na qualidade da água e na saúde das espécies

 

A baixa qualidade na exportação de peixes ornamentais da Amazônia para outros países fez com que pesquisadores do Amazonas desenvolvessem um modelo de quarentena onde os recintos em que os peixes permanecem após o transporte e antes de serem exportados fiquem associados com tanques contendo plantas aquáticas. O sistema denominado de Aquaponia é desenvolvido com apoio do Governo do Amazonas por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) no âmbito do Programa Sinapse da Inovação.

 

O coordenador do projeto, o biólogo Michel Catarino, disse que as plantas absorvem elementos químicos dissolvidos na água, provenientes dos excretas dos peixes confinados no sistema de quarentena e de excesso de alimentos, utilizando-os como nutrientes para seu crescimento, o que permite a diminuição da quantidade de amônia no sistema. Com isso é possível melhorar a qualidade da água, com reflexos positivos na saúde dos peixes, garantindo à comercialização de peixes ornamentais amazônicos com a qualidade sanitária requerida pelo mercado mundial.

 

Catarino explicou que um dos principais problemas relacionados à exportação de peixes ornamentais provenientes do Estado do Amazonas está relacionado as técnicas precárias de manejo adotadas pelas empresas locais, na qual o sistema de quarentena atual não permite a recuperação plena dos peixes, que acabam sendo vendidos com baixa qualidade, refletindo em altas taxas de mortalidade e consequentes prejuízos, relatadas pelos importadores nacionais e internacionais.

 

“A baixa qualidade da água influencia na saúde dos peixes ornamentais que são enviados para fora do país. Por isso, estamos propondo uma inovação no período de quarentena desses peixes, na qual a qualidade da água será melhorada substancialmente, com reflexos positivos na saúde dos mesmos”, informou.

 

O pesquisador explicou ainda que, atualmente, para melhorar a qualidade da água as empresas trocam cerca de um terço da água do recinto de quarentena temporariamente. Segundo o pesquisador, com esse procedimento a amônia não é eliminada do sistema, o que pode comprometer a qualidade dos peixes, pois trata-se de um elemento químico altamente nocivo.

 

“Com esse procedimento, as concentrações de amônia e derivados tóxicos diminuem, mas não ao ponto de favorecer a plena recuperação dos peixes confinados em recintos de quarentena. Assim, os peixes não se recuperam totalmente, sendo comercializados com saúde fragilizada e bastante susceptíveis às doenças”, detalhou o pesquisador.

 

Aquaponia - O sistema Aquaponia desenvolvido pela equipe do pesquisador será capaz de diminuir significativamente a quantidade de amônia dos tanques de quarentena por meio da associação de plantas aquáticas.

 

“Os primeiros resultados da associação de plantas aquáticas aos recintos de quarentena já mostram sinais positivos na qualidade da água e saúde dos peixes. Esperamos que o sistema de Aquaponia resolva um grande gargalo no mercado regional de exportação de peixes ornamentais, possibilitando o envio de peixes com a qualidade requerida internacionalmente e contribuindo para a recuperação de uma das principais atividades extrativistas do Estado do Amazonas", contou.

 

Mercado - De acordo com o pesquisador, Michel Catarino, os peixes ornamentais da Amazônia são atrativos desejados no mercado mundial de aquariofilia (prática de criar peixes, plantas e outros organismos aquáticos). Catarino conta que o Estado do Amazonas se destacava nesse mercado desde 1950, quando a atividade de exploração de peixes ornamentais foi iniciada na região, expandindo, consideravelmente, o número de indivíduos comercializados chegando a mais de 36 milhões no ano de 2006.

 

O pesquisador Michel Catarino informou que o sistema será capaz de diminuir a quantidade de amônia por meio de plantas aquáticas. Catarino lembra que a partir desse período houve uma queda considerável do mercado amazonense, diminuindo para pouco mais de 6 milhões de indivíduos exportados, com consequências sérias na geração de renda de uma das mais importantes atividades extrativistas do Estado. O que gerou prejuízos sociais e econômicos para as populações tradicionais envolvidas na atividade de exploração de peixes ornamentais e também para as empresas locais, que tiveram sua importância reduzida no mercado.

 

“A perda de espaço das empresas amazonenses no mercado é provavelmente resultado de um conjunto de fatores, no qual a qualidade dos peixes exportados têm destaque. Tudo isso desviou a atenção de importadores para outras regiões da bacia amazônica, que por sua vez também oferecem peixes amazônicos no mercado mundial de aquariofilia, prejudicando todos os envolvidos na cadeia produtiva de um dos principais recursos extrativistas da região”, conta o pesquisador. Ele conta que os exportadores têm buscado por peixes amazônicos em empresas situadas em países como Colômbia e Peru.

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