Caprichoso encerra festival celebrando a arte como criação cabocla

Caprichoso encerra festival celebrando a arte como criação cabocla Foto: Igor de Souza Notícia do dia 02/07/2017

O Boi Caprichoso fecha a terceira noite e última noite do Festival 2017 retratando a “Arte” com o subtema “Criação Cabocla” na Amazônia milenar exaltando a ancestralidade do imenso verde que envolve magia, mitos e lendas.

 

A sinopse traduz que assim como o índio, o caboclo recebeu o dom artístico para criar embarcações, a arte do teçume e cestaria, pintar, confeccionar adornos, colares, entre outros, concentrados nos dias atuais na brincadeira de boi-bumbá, criando um laboratório de descoberta de matérias primas, criatividade e ousadia que atravessou a fronteira da Amazônia para outros centros.

 

O Calafate, o conhecido artesão naval, por exemplo, será exaltado na Figura Típica Regional da alegoria do artista Ney Meirelles e equipe. No som do tic-toc da talhadeira com a madeira envolve o processo de calafeto de embarcações, sem deixar de fora outros sistemas artesanais para a fabricação de barcos.

 

Em Parintins, a área da Lagoa da Francesa é tomada pelos tilheiros onde os artesãos navais fabricam embarcações de pequeno, médio e grande porte.

 

A Lenda Amazônica “Os Tesouros da Cabanagem” dos artistas Ferdinando Carivardo, Nonoca e equipe aborda a revolução popular que teve como papel social a liberdade. Nos dias de hoje ainda giram mitos relacionados aos objetos de ouro roubados na época da Cabanagem pelos exploradores e também os que foram enterrados pelos índios, negros e brancos.

 

Os famosos potes ou peças de ouro enterrados pelos ricos da época são dados em sonhos para as pessoas para que os desenterrem e assim terem suas almas libertas.

 

Seguindo a Cabanagem em outro eixo temático, o Boi Caprichoso reproduz a saga das “Icamiabas”, as mulheres guerreiras ou índias amazonas que habitavam as margens do Alto Nhamundá, as quais travaram luta com o expedicionário espanhol Francisco Orellana, relatado pelo Frei Gaspar de Carvajal em 24 de junho de 1541.

 

A alegoria do artista Pojó Carvalho e equipe narra o universo mítico das Icamiabas, lideradas pela guerreira Naruna e devotas a deusa Conori. O lago Yaci-Uruá (Espelho da Lua), local onde as Icamiabas se encontravam com os índios Guacari para o ritual de acasalamento é reproduzido em meio a efeitos cenográficos.

 

O gigantesco ritual indígena “Transcendência Tariana” do artista Ozeas Bentes fecha a última noite do Caprichoso e o Festival Folclórico.

 

A sinopse alegórica se volta para a mitologia da guerra entre o povo Tariana e Arara retratando a profecia-presságio do Pajé Kumu em relação a morte de Pacudana, filho de Baupé, o filha da onça preta dos Tariana.

 

Pacaduna fôra atingido mortalmente por uma flecha disparada por guerreiros arara iniciando a fúria dos Tariana contra os Arara.

 

Fernando Cardoso | Repórter Parintins

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