Garantido defende uma Amazônia de esperança e fé

Fé dos amazônidas, uma força que move e alimenta a resistência em defesa da vida na maior biodiversidade do mundo

Garantido defende uma Amazônia de esperança e fé Foto: Igor de Souza Notícia do dia 02/07/2017

O Boi Garantido abre a última noite do 52º Festival Folclórico de Parintins com o subtema “Amazônia, Esperança e Fé” movendo os povos da floresta na direção da harmonia e do equilíbrio no grande bioma chamado Amazônia.

 

A fé dos amazônidas, uma força que move e alimenta a resistência em defesa da vida na maior biodiversidade do mundo, herança histórica deixada pelo herói indígena Manaó Ajuricaba e Chico Mendes, ativista que morreu defendendo a floresta.

 

A Celebração Folclórica “Romeiros da Tradição”, alegoria do artista Emerson Brasil e equipe, o Garantido é o boi da tradição religiosa desde o seu nascedouro na Baixa do São José, Vila de pescadores onde Lindolfo Monte Verde, descendente de negros, criou a brincadeira depois de uma promessa feita a São João Batista.

 

O Boi da Tradição celebra a esperança e a fé tendo São João Batista como padroeiro da brincadeira e Nossa Senhora do Carmo como padroeira da cidade, num momento de muita emoção e fervor dos Romeiros da Tradição celebrando a esperança e a fé como composição da alma cabocla da Amazônia.

 

A Lenda Amazônica “Ypupiara, o Bicho do Fundo” do artista Manoel Sorin e equipe reproduz a lenda dos bichos que vivem no mundo encantado do fundo dos rios, presente no imaginário dos povos da floresta amazônica.

 

A viagem no universo misterioso de potências espirituais e bichos encantados do fundo das águas, vive Ypupiara, ser gigantesco, misto de homem e de peixe, temido e respeitado pelos ribeirinhos, cuja morada seria uma cidade encantada que existiria nas profundezas das águas dos rios da Amazônia.

 

Diz a lenda, que Ypupiara é uma entidade protetora da vida no reino das águas, e surge quando os peixes e bichos do fundo são ameaçados pelos abusos dos predadores.

 

A Figura Típica Regional, alegoria “Ceramista da Amazônia” do artista Vandir Santos e equipe retrata a arte ceramista na Amazônia, presente na história cultural dos povos da floresta desde a Amazônia Andina até a Amazônia Tapajônica e Marajoara.

 

A arte dos índios trabalhar o barro para transformar em utensílios como: potes, bilhas, vasos e panelas trabalhadas na cultura ceramista tapajônica e marajoara.

 

O Ceramista da Amazônia está entre os mais de 80 biótipos identificados na região com grande variedade de peças trabalhadas artisticamente, não só como utensílios, mas para decoração de ambientes.

 

O Ritual Indígena “O Eldorado”, alegoria do artista Emerson Brasil e equipe navega pelo mito da Cidade do Ouro que supostamente existirá na floresta amazônica andina e brasileira, cujo exploradores sofreram o terror da violência para desbravar o Eldorado.

 

O mito do Eldorado tem origem em um ritual pré- colombiano praticado pelos índios Chibcha ou Muisca, no lago Guatavita, na Colômbia. Da Amazônia andina, para a Amazônia brasileira, no extinto lago Parime, os espanhóis transformaram o Eldorado na corrida em busca do ouro e da fantástica cidade dourada de Manoa.

 

O Boi Garantido recria o ritual descrito por Muiziquitá, no qual o Pajé, Zipa na cultura indígena Inca, é investido como líder espiritual da aldeia. O ritual acontece num lago sagrado, para onde o Pajé é levado numa "jangada cerimonial". Seu corpo é todo coberto de ouro em pó, representando o filho do deus Sol, Pacha Capac.

 

Na recriação do ritual, o Pajé invoca o espírito de Athauallpa, morto pelos espanhóis porque não revelou os segredos do Eldorado, de onde os índios extraíam ouro.

 

Fernando Cardoso | Repórter Parintins

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