Apostando no incenso da magia ancestral, da poesia Amazônica, o Boi Caprichoso está pronto para viajar no despertar do imaginário caboclo. Há três meses confinados dentro dos galpões, artistas, escultores, soldadores, ferreiros, pintores, pasteladores e outros operários prepararam a regionalidade e o misticismo que envolve a Amazônia na transformação do tema “Caprichoso, a Poética do Imaginário Caboclo”.
Além desse imaginário, a mistura de expressões culturais também expõe a identidade amazônica com os brancos, negros, índios, europeus e asiáticos numa tradução da mistura de manifestações folclóricas, entre elas, o boi bumbá.
O coordenador do Conselho de Artes do bumbá, Erick Nakanome, traduz que o Caprichoso apresentará raros momentos da história do Touro Negro, reunindo inúmeras idéias transformando a tradição, a vanguarda, o folclore espetáculo em ingredientes da poética do imaginário caboclo.
A simbologia do tema reproduz no seu contexto o rito amazônico, desde a figura típica regional com seus recursos naturais explorados pelos caboclos, ribeirinhos e as grandes populações indígenas da Amazônia na poesia visual, cênica-coreográfica, musicalizada, o Caprichoso reinventa o folclore popular parintinense.
A reinvenção da tradição em novo é presenciado no interior dos galpões como, por exemplo, no gigantesco Ritual Tupinambá do artista Júnior de Souza, o mago das alegorias e movimentos reais.
O artista diz que tem a convicção que todos fizeram um grande trabalho, um Caprichoso grandioso a altura do que pede o festival. “Vê um projeto finalizado é motivo de satisfação”, comentou.
O ritual confeccionado pela equipe de Júnior de Souza tem cerca de 860 metros quadrados, 42 metros de boca de cena, 20 metros de profundidade e 25 metros de altura.
O contexto representa a crença dos índios Tupinambás e sacrifícios dos próprios parentes que os indígenas achavam que comendo a carne dos mortos adquiriam a força do ente querido.
“Ouve uma pesquisa, uma fundamentação ao trabalho com embasamento em cima da proposta que foi repassada pelo Conselho de Artes e temos a certeza que vamos fazer uma bela apresentação agradando aqueles que irão assistir”, declarou.
As ribanceiras, os beiradões, os folguedos, entre outros compõem a alegoria do artista Juarez Lima, responsável em abrir a Poética do Imaginário Caboclo numa alusão a paisagem da região, os bumbás e as pessoas que habitam na Amazônia.
Juarez explica que o Boi Caprichoso trabalha em cima das falhas observadas no ano passado, mas com o novo baseado no tema 2017. A alegoria Exaltação Folclórica composta de cinco módulos reproduz a sintetização do caboclo pensador que recebeu junto com o índio as mais diversas culturas que hoje são vivenciadas no seu habitat.
“Na primeira noite o Caprichoso vai está dando o recado de como será a tendência de alegorias e de espetáculo para o festival com o novo, porque através do novo que os investidores irão continua com a observação do detalhamento da textura, pintura, movimento e muita simplicidade do contexto amazônico”, declarou.
Fernando Cardoso | Repórter Parintins