Obras inacabadas, pedras na administração de Bi Garcia

“Todos os investimentos pra Parintins nós vamos dar continuidade, executa-los e entrega-los a população”, declarou Bi Garcia

Obras inacabadas, pedras na administração de Bi Garcia Fotos: Fernando Cardoso Notícia do dia 07/06/2017

Obras inacabadas e abandonadas na segunda gestão do prefeito Bi Garcia (PSDB) em parceria com o Governo Federal, Governo do Estado e Suframa continuam sendo alvo de questionamentos pela população pelo descaso com o dinheiro público.

 

Restaurante Popular, Mini Vila Olímpica, Casas Populares, Escadaria da Baixa de São José, Sistema de Modernização de Abastecimento de Água, Casa de Farinha da Vila Amazônia, Banco Postal, Orla da Cidade, Escadarias da Francesa e Paulo Corrêa são algumas das obras que ainda precisam ser concluídas. 

 

São mais de R$ 50 milhões em obras, recursos públicos que a população deveria estar usufruindo, mas apenas os questionamentos soam e aguardam explicações e qual o destino do dinheiro que não chegou a ser todo aplicado. 

 

Além das obras citadas, quadras poliesportivas na zona rural, na cidade como das escolas Lila Maia e Luz do Saber, Praça de Esporte e Cultura do Bairro União, Praça Cristo Redentor, Crechê Jaime Lobato, Escolas na Zona Rural, também foram deixadas inacabadas por Bi Garcia. Algumas concluídas pelo ex-prefeito Alexandre da Carbrás (PSD). Dessas obras, duas estão sendo retomadas pelo atual gestor Bi Garcia.

 

Das obras deixadas por Garcia, o ex-prefeito Alexandre da Carbrás concluiu apenas as Unidades de Saúde e as Quadras Poliesportivas da Zona Rural, mas não concluiu o restantes das 25 escolas prometidas para o interior.

 

Restaurante Popular

O Restaurante Popular construído em 2008 com recursos do Governo Federal através do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) no valor de R$ 1,4 milhão nunca entrou em funcionamento por vários motivos, um deles, fôra construído em local impróprio, inclusive, em 2009 acabou sendo tomado pela enchente.

 

A última parcela no valor de R$ 100 mil foi liberada no dia 30 de outubro de 2008, ainda na gestão de Bi Garcia. A vigência do convênio começou no dia 23 de julho de 2008 e se encerrou no dia 30 de junho de 2011.

 

A licitação para aquisição de equipamentos e utensílios, inclusive, talhares para a época foi considerada milionária, alguns talhares como um garfo, por exemplo, chegou a custar R$ 15. Os maquinários (fogões industriais, cilindros, geladeiras industriais, estufas, mobiliários para refeitório, bebedouros, pias, catracas e etc), aos poucos vão perdendo a sua utilidade por falta de uso, manutenção e local inadequado para armazenamento.

 

O prédio sofreu rachaduras e dezenas de infiltrações, a fossa que não chegou a ser usada transbordou com as enchentes de 2009, 2012 e 2014.

 

Na gestão de Carbrás inúmeros equipamentos e utensílios para o preparo de alimentação foram retirados do local e não se sabe onde atualmente estão armazenados.

 

Casas Populares

Descaso também se observa no abandono das casas populares construídas numa área de terra no Loteamento Pascoal Alággio, que é disputada na justiça. Um investimento de R$ 5.830.000 mil que ficou jogado no meio do mato e agora as unidades habitacionais inacabadas estão sendo ocupadas irregularmente por invasores.

 

Das 2 mil casas prometidas por Bi Garcia, apenas 50 unidades foram iniciadas e abandonadas. Igualmente, estão as 890 casas que começaram a ser construídas na gestão Carbrás e não foram concluídas e nem entregues.

 

Sistema de Água

O desperdício do dinheiro público é visivelmente observado pelo parintinense e por quem vem ao município, como é o caso do Modernização e Ampliação do Sistema de Abastecimento de Água de Parintins. Um investimento de R$ 8.885.228,35 que ficou apenas em esqueletos das caixas de água e reservatórios, cuja a área onde estão instalados, está sendo ocupada por invasores no Bairro União.

 

Deste valor, nas obras de substituição de tubulação próximo ao Reservatório do SAAE localizado na Rua Faria Neto e num trecho da Rua Furtado Belém foram gastos aproximadamente R$ 1 milhão. 

 

O anuncio feito que a modernização iria começar pela Avenida Amazonas nunca aconteceu. O exemplo de má gestão do recurso público é a estação de bombeamento e armazenamento de água localizada no Bairro Pascoal Alággio que nunca entrou em funcionamento.

 

Por quase seis anos a obra ficou abandonada no meio do mato. Recentemente o local foi limpo por conta da invasão que ocorreu naquela área, inclusive, o bairro hoje continua sendo penalizado com a falta da rede hidráulica.

 

Orla da Baixa do São José

A Execução do Projeto de Infra-estrutura Turística na Baixa de São José recurso da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) no valor de R$ 514.000,00 foi iniciado e não chegou a ser concluído, atualmente está abandonado. 

 

Em documento encaminhado à Câmara Municipal de Parintins em 2010, a própria Suframa comunicou que baseada em planilhas e fotos que foram apresentado pela Prefeitura, alegou que a obra estaria concluída, mas a realidade para quem mora no local é outra.

 

Mini Vila Olímpica

A má aplicação do dinheiro público acena para o abandono também das obras de implantação da Mini Vila Olímpica de Parintins. A construção do centro desportivo orçada em R$ 780.000,00, recursos do Ministério do Esportes, foi paralisada devido o município ter iniciado a obra em cima do terreno pertencente ao Amazonas Esporte Clube. 

 

Por conta disso, o caso acabou indo parar na Justiça pelo fato da Prefeitura na época não querer pagar o valor estipulado pela direção do clube, inclusive, um determinado valor foi depositado pelo Município na Justiça, mas a direção do Amazonas Esporte Clube não aceitou.

 

Praça Cristo Redentor

Das dezenas de obras iniciadas e deixadas inacabadas por Bi Garcia e não concluídas também pelo ex-prefeito Alexandre da Carbrás, apenas a Praça do Cristo Redentor (Praça Digital) construída com R$ 2 milhões do Ministério da Cultura teve a sua inauguração por Garcia, mas em poucos meses a obra começou apresentar rachaduras e afundamento, sendo preciso reparos emergenciais, mas acabou comprometida pelo não acompanhamento técnico.

 

No seu retorno de Bi Garcia ao comando do município, a Praça Cristo Redentor, que junto com as casas populares são pedras na gestão de Bi Garcia, o gestor decidiu reforma-la abrindo licitação no valor de R$ 1.165.924,40 certame ganho pela empresa Intelli Projetos e Construções Ltda, sediada em Manaus.

A população questiona ser desnecessária a aplicação da verba em praça na época de crise, avaliando ser mais viável que fosse aplicada na construção de uma escola para ensino infantil ou melhoramento no setor de saúde.

 

Orlas e muro de arrimo

As constantes quedas de terra na orla fluvial do Rio Amazonas preocupam a população e os moradores residentes nas áreas de risco, os quais questionam a não continuidade da obra orçado em R$ 4.243.182,53 aprovados em 2010 pelo Governo do Estado para a recuperação da orla.

 

Segundo informações, o recurso acabou voltando para os cofres do Estado, por conta de um impasse entre a gestão de Bi Garcia e do proprietário da área de terra no Bairro de Santa Clara sobre a compra de uma parte do imóvel por onde seria aberta uma nova via de acesso ao Matadouro Municipal e Marinas.

 

Uma empresa foi contratada pelo Governo do Estado para recuperar a orla da cidade em 180 dias, mas apenas fez a colocação da rede de proteção para evitar que as pessoas ultrapassassem o limite da área em risco e não prosseguiu com os trabalhos, deixando a população sem respostas.

 

Descaso com dinheiro público

A prioridade não é só de Bi Garcia deixar obras inacabadas. Prefeitos anteriores deixaram a sua marca de má aplicação de recursos que poderiam estar beneficiando a população, um dos casos bem próximo é a não conclusão do conhecido “Esgoto Sanitário”, recursos do Ministério da Saúde iniciado pelo ex-prefeito Enéas Gonçalves e não concluído por Bi Garcia, e mais recentemente, a elevação do nível da Rua Paraíba (cerca de R$ 2,8 milhões do Governo do Estado), UBS do Bairro União e Escolas Padrão do FNDE, obras também não concluídas por Alexandre da Carbrás.

 

No dia 7 de dezembro quando ainda exercia a função de deputado estadual, Bi Garcia, questionado sobre as obras e denúncias de supostas irregularidades, defendeu-se que existiam apenas denúncias, mas não tinha condenação a nível federal e que vinha se defendendo de todas para provar o trabalho que realizou a frente da Prefeitura por duas legislaturas.

 

Bi Garcia confirmava ainda que deixou cerca de R$ 10,5 milhões nas contas da Prefeitura na Caixa, Banco do Brasil e Banco Bradesco para as obras fossem tocadas em frente e beneficiar a população parintinense. “Deixei quase R$ 50 milhões em convênios para serem executados, mas não deram continuidade nas obras”, comentou.

 

Questionado novamente durante a visita de secretários de estado no município, no dia 29 de maio, sobre as obras, Bi Garcia, assegurou que vai retoma-las, para tanto, segundo ele, o setor administrativo está dando continuidade nos processos burocráticos nos Órgãos e Ministérios para reativar os convênios.

 

“Vamos dar continuidade nas obras que ficaram paradas nos últimos quatro anos independente de quem conseguiu correu atrás e arranjou as verbas. Eu consigo passar por cima desses problemas pequenos que eu considero que são realizados na política. Eu não penso assim e todos os investimentos pra Parintins nós vamos dar continuidade, executa-los e entrega-los a população”, declarou.

 

Fernando Cardoso | Repórter Parintins

 

 

 

 

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