Criminalidade aumenta em Parintins e amedronta população

Criminalidade aumenta em Parintins e amedronta população Foto: Fernando Cardoso Notícia do dia 01/06/2017

A onda de roubos, furtos e assaltos que vem ocorrendo diariamente na cidade está amedrontando a população que não sabe mais a quem apelar para diminuir os casos, prender os infratores e ressarcir os prejuízos.

 

Todos os dias são registrados em média três roubos em via pública contra pedestres. Os alvos são adolescentes, principalmente mulheres e pessoas idosas. Algumas duplas de assaltantes ocupando motocicletas descaracterizadas utilizam a ousadia para cometer os crimes.

 

Armados com facas e revólveres os ladrões fazem as abordagens, roubando aparelhos celulares, joias, dinheiro, às vezes para não saírem perdendo levam até sandálias e bonés.

 

Estatísticas

As estatísticas de roubos e furtos apresentadas pelo 3º Distrito de Polícia Integrado (3º DIP) e 11º Batalhão de Polícia Militar (11º BPM) apontam que esses tipos de crimes cresceram mais de 120% em Parintins de 2015 a 2016.

 

Em 2015 a Delegacia de Polícia Civil registrou 1.091 furtos, 20 tentados e 312 roubos. Em 2016, esse número dobrou, sendo 2.086 furtos (91%), 60 tentados (200%) e 771 roubos (140,2%), ou seja, 995 furtos e 450 roubos há mais.

 

Pelos dados de 2016, mensalmente foram registrados 173 furtos na cidade, significando 5 furtos por dia. No caso de roubo, mês a mês a Polícia Civil registra 64 ocorrências, ou seja, 02 roubos por dia.

 

Estatísticas do 11ºBatalhão de Polícia Militar de Parintins (11º BPM) em 2017 apontam que as guarnições policiais já registraram 120 ocorrências de furtos e 33 ocorrências de roubos.

 

No caso de furto, 01 ocorrência por dia até o fechamento do mês de maio. A Polícia Civil ainda está fazendo o balanço dos casos no período de janeiro a maio.

 

Clamor da população

Amedrontada com o aumento considerado no número de furtos e roubos, a população parintinense cobra dos órgãos de segurança mais ações punitivas para inibir e colocar atrás das grades os infratores que estão cometendo os crimes e delitos na cidade, no caso de roubo, a maioria contra pessoas em via pública.

 

Sem estrutura, os policiais asseguram que apenas seguem a teoria que a polícia brinca de gato e rato ou enxuga gelo, principalmente quando ocorrem as prisões de elementos considerados nocivos à sociedade.

 

“Isso gera uma sensação de impunidade na população que se vê a cada dia sobressaltada com diversos casos de furtos, roubos, assaltos e homicídios, principalmente quando os autores desses tipos de crimes são presos e logo em seguida são soltos, voltando a cometer os mesmos delitos. A gente prende, mas imediatamente ganham liberdade. Com isso, esses meliantes acabam se vangloriando e tendo a noção que podem cometer crimes à vontade, que vão pra cadeia e logo retornarão para as ruas, chegando a pensar que podem enfrentar a polícia de igual pra igual”, disse um policial revoltado que não quis ser identificado.

 

A vendedora ambulante, que pediu para não ter o nome divulgado, relatou que está revoltada com a bandidagem tomando conta da cidade. Ela diz que o estabelecimento comercial onde trabalha já foi assaltado, os ladrões levaram quase todas as mercadorias, inclusive, foram dadas todas as pistas e características dos ladrões com fotos à polícia, mas os elementos ainda não foram presos.

 

“A gente é que tem que investigar se quisermos ter pelo menos 40% dos produtos furtados, é uma brincadeira isso. O Estado junto com os órgãos ligados a segurança pública precisam tomar algum tipo de inciativa para minimizar a criminalidade em Parintins. Sei que não é só aqui, mas clamo pela minha terra e pelo povo que está vivendo a mercê da bandidagem”, disparou.

 

A autônoma Jorgete Sampaio, moradora do bairro São José também foi uma das vítimas dos ladrões em via pública. Ela diz que a polícia perdeu o controle para a bandidagem.

 

“Quando acontecer de um bandido que Deus o livre atacar uma autoridade ou um membro de sua família, vão buscar de todas as formas prender os ladrões e deixar que apodreçam na cadeia, como é com a gente que somos humildes nos tratam dessa forma”, declarou.

 

Embora entendendo as deficiências, a população pede que a Polícia Civil ajude mais nas investigações para prender os infratores que ainda estão agindo, brincando com a polícia. A cobrança feita ao Ministério Público e Justiça é no sentido de punir com mais rigor os criminosos para que eles passem mais tempo atrás das grades e que também possam ressarcir os prejuízos das vítimas.

 

Pelo lado do Comando da PM, existe a garantia que as guarnições têm tentado minimizar o crescimento da criminalidade, mas os recursos humanos e materiais são escassos, obrigando os militares atuarem com os mecanismos que atualmente possuem.

 

Ministério Público

O Ministério Público (MPE) através da promotora Carolina Maia se mostra preocupado com o crescimento da violência no município. A agente ministerial diz que a deficiência que as policias vivenciam impede uma atuação melhor no combate as mais diversas formas de criminalidade.

 

“Se tivesse uma Polícia Civil mais estruturada, uma Polícia Militar mais presente nas ruas, mais atuante, evidentemente a violência poderia diminuir, até mesmo se a Justiça fosse mais rápida, ou seja, são vários fatores que acabam favorecendo a criminalidade”, comentou.

 

Carolina Maia reafirmou que o MPE vem buscando, por meio de Ação Civil Pública e inquérito investigatório que possivelmente será transformado em Ação Civil sensibilizar a Secretaria de Segurança Pública (SSP), estruturar as Polícias Civil e Militar.

 

Sem entrar no mérito nem explicitar, pediu apenas anonimato, um operador da lei explicou que entende e lamenta os questionamentos da sociedade, mas quem na verdade solta uma pessoa que é presa por algum crime ou delito são as leis e não o juiz. “Se um juiz descumprir a lei, quem vai estar sujeito às sansões legais é ele, o magistrado”, ressaltou.

 

O graduado em direito ressalta que, se a sociedade está descontente ou insatisfeita com a Legislação Penal e a Execução Penal, precisa ir até os deputados e senadores e alterar as leis. “A sociedade não pode forçar uma situação para colocar a magistratura como a vilã na segurança pública, os juízes não soltam porque querem, mas porque a lei manda” comentou.

 

O mesmo operador da lei explicou que embora os policiais se queixem que a polícia brinca de gato e rato ou enxuga gelo, eles também não têm culpa, pois fazem o seu papel, porém as leis, dependendo de cada caso acabam beneficiando os elementos considerados nocivos à sociedade.


 

Fernando Cardoso | Repórter Parintins

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