Pecuaristas cobram melhorias na estrutura do matadouro de Parintins

“É contra as normas de higiene da Vigilância Sanitária. Não existe serra. Estão cortando boi no machado”, ressaltou o pecuarista Balaco

Pecuaristas cobram melhorias na estrutura do matadouro de Parintins Foto: Marcondes Maciel Notícia do dia 30/05/2017

A falta de estrutura necessária para o abate de gado, morte de animais com a utilização de lança por falta de pistola pneumática, corte do peito e carcaça do boi a machado por falta de serra elétrica, a não disposição de equipamentos de proteção para os donos de gado acompanharem o abate dentro do abatedouro e até mesmo a inexistência de um curral de espera foram algumas das denúncias de um grupo de pecuaristas contra a precariedade no matadouro frigorífico municipal Ozório Melo.

 

O assunto foi pauta de discussão dos criadores de gado com os vereadores e representantes dos segmentos ligados ao setor primário no município na audiência pública para tratar sobre o furto de gado na região, realizada na quarta-feira, 24 de maio, na Câmara Municipal de Parintins.

 

O criador de gado Roberto Viana, conhecido Balaco, confirmou que o abate ainda é realizado com lança e afirmou ter feito cobrança pessoalmente junto ao Ministério da Agricultura em Parintins. “É contra as normas de higiene da vigilância sanitária. Não existe serra. Estão cortando boi no machado”, ressaltou.

 

Balaco afirmou ter o comprovante de matança que mostra a desorganização no matadouro.  “Muitas coisas deixam a desejar no matadouro. Não oferecem nenhuma condição para o pecuarista abater seu gado. O matadouro tem que ter um curral de espera. Todo matadouro tem e nós não temos aqui em Parintins. Não tem bota, bata para acompanhar o peso da carne dentro do matadouro”, denunciou.

 

Roberto Balaco questiona que a direção do matadouro, além de receber o vale abate e outros impostos, ainda fica com o subproduto, como o couro, sebo e osso. O pecuarista reclamou também da perda de três quilos de carne com o descongelamento. “O boi entra para a câmara frigorífica com um peso e sai perdemos três quilos de descongelamento. Isso não existe em frigorífico nenhum, só aqui em Parintins”, frisou.

 

Sempa

Para o secretário municipal de Pecuária, Agricultura e Abastecimento (Sempa), Edy Albuquerque, os serviços de abate de gado tem uma receita variável entre R$ 120 mil, porém, as despesas também são variáveis devido o sucateamento do frigorífico matadouro. “Hoje a gente precisaria algo em torno de um milhão de reais para botar o matadouro pra funcionar a contento, porque os equipamentos estão sucateados, a parte estrutural do prédio também”, disse.

 

Edy Albuquerque assegurou que já conseguiu resolver a parte de resíduo, tanto da parte vermelha quanto verde que eram despejadas diretamente no rio Amazonas, para atender uma exigência do Ministério Público Federal e do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM). “Estamos trabalhando para que o IPAAM possa nos conceder a licença de operação, pois sem isso corremos o sério risco do matadouro ser fechado”, ressaltou.

 

Com relação a serra de peito e de carcaça, Edy disse que estão funcionando, sucateada, mas estão funcionando. Ele afirmou que está em fase de licitação para a aquisição da pistola pneumática e das serras de peito, de carcaças e de cifres, assim como também de um compressor de ar novo. “Esse problema vem se arrastando há muito tempo. A gente sabe que como o abate hoje é feito com lança, não é o recomendável, mas é o que temos momento. Mas já está em fase de licitação a compra desse material. Na cotação que fizemos chegamos a encontrar pistola pneumática de R$ 28 mil, a que estamos querendo compra é de R$ 8 mil”, pontuou.  

 

O secretário reconheceu que o sucateamento do matadouro se arrasta por vários anos, mas na atual administração o objetivo é solucionar o problema. “Então, é necessário que gente faça a implantação de uma graxaria com urgência. Só a graxaria é algo em torno de R$ 500 mil. Hoje temos todo o cuidado de levantar custo para mudar os equipamentos para que o matadouro funcione realmente na sua plenitude”, finalizou.

 

Marcondes Maciel | Repórter Parintins  

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