Por Marcondes Maciel*
A sensibilidade profissional, a tolerância aos costumes da cultura, o senso primário de ética, o interesse pela manutenção da tradição do antagonismo entre as cores dos bumbás Caprichoso e Garantido foram relegados ao segundo plano e deram lugar ao fanatismo excessivo quando não se respeitou a rivalidade tradicional no Festival Folclórico de Parintins na Ação Global Parintins 2017.
O respeito pela cultura local foi subjugado. A Ilha Tupinambarana é o único lugar no planeta em que, até mesmo a multinacional Coca-Cola, Bradesco, Brahma e outras grandes corporações tiveram que se adequar às cores de cada bumbá parintinense. Apesar da Coca-Cola ter a cor vermelha como padrão, em suas peças publicitárias e produtos sempre prevaleceu o respeito às cores tradicionais das manifestações culturais, principalmente com o Caprichoso.
Entretanto, o que se observou por parte da coordenação da Ação Global, realizada no dia 27 no bumbódromo, foi um total descaso com a nação vermelha e branca, quando todos os materiais visuais da programação foram nas cores azul e branca. Até mesmo as camisetas eram pintadas de azul, assim como o palco onde se apresentou o boi Garantido.
Podem até ter como justificativa que é uma cor padrão para a Ação Global. Ora senhores, se houvesse o mínimo de sensibilidade da coordenação do evento, o material utilizado poderia muito bem conter as cores dos dois bumbás, azul e vermelho, uma vez que os realizadores da programação usam tanto o azul como vermelho em suas logomarcas oficiais.
Tanto o Sesi quanto a Rede Globo defendem e respeitam a pluralidade cultural e jamais se furtariam em equiparar os materiais visuais nas cores dos bumbás de Parintins.
*Marcondes Maciel, Bacharel em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), diretor de jonalismo do Jornal e Site Reoporter Parintins e Assessor de Imprensa da Associação Folclórica Boi-Bumbá Garantido.