Morte de agricultor do Tracajá sem respostas das autoridades policiais

Segundo a família, até agora a polícia mantém silêncio do caso, não realizou perícia no local e nem prendeu o acusado

Morte de agricultor do Tracajá sem respostas das autoridades policiais Foto: Arquivo da família Notícia do dia 25/05/2017

Embora tenha se passado uma semana da morte do agricultor Alessandro de Souza Pereira, 25, na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Regional Jofre Cohen, os seus familiares cobram respostas para o caso.

 

Segundo os familiares, Alessandro foi alvejado por volta das 7h do dia 14 de maio, com um tiro de espingarda calibre 20 no peito na comunidade do Fluminense, Cabeceira do Sacaí, Região do Tracajá, Rio Uaicurapá.

 

O irmão da vítima, Francinaldo Pereira, relatou que no corpo de Alessandro foram contadas 25 perfurações de chumbos, inclusive, dois teriam atravessado o corpo do agricultor. O tiro teria sido disparado por uma pessoa identificada por Rosy, o Belterra, colega de trabalho da vítima.

 

Francinaldo conta que Alessandro e Belterra trabalhavam na fazenda de um pecuarista identificado por Dedê, supostamente teria sofrido agressão, e em seguida o tiro. 

 

“Eu fui levar o meu irmão e o Belterra estava pra festa. O meu irmão chegou primeiro na casa onde os dois moravam. Como a casa estava trancada, ele não teve outra alternativa, senão abrir a porta na marra para entrar. Quando Belterra chegou não teria gostado que Alessandro tivesse arrombado a porta da casa, iniciando uma discursão entre os dois, revoltado armou-se com a espingarda e atirou nele” relatou.

 

Segundo Francinaldo, Belterra contou para a família do agricultor, que ele havia se atirado acidentalmente, mas uma pessoa supostamente teria visto o vaqueiro atirar no seu irmão.

 

Alessandro permaneceu em por quatro dias em coma no Hospital Jofre Cohen, não resistiu aos ferimentos, vindo falecer na última quinta-feira (18). Supõem-se também que o agricultor pode ter sido alvejado por conta de uma suposta disputa de posse de terra entre a sua família e um pecuarista, porém o fato não é confirmado.

 

Outra revolta da família é quanto o não encaminhamento de Alessandro para Manaus num Avião Salva Aéreo UTI que na semana passada foi encaminhado para removê-lo por conta da gravidade do seu estado de saúde, mas uma outra pessoa que teve um princípio de infarto supostamente teria ocupado a vaga do interiorano.

 

“Esse avião veio três vezes para levá-lo, mas não o encaminharam para Manaus. Não sei o que estava acontecendo porque os médicos não estavam dando muita atenção para o estado de saúde do meu irmão”, relatou Francinaldo.

 

O diretor do hospital Jofre Cohen e chefe de gabinete do prefeito Bi Garcia, Josimar Marinho, desmentiu a versão dos familiares de Alessandro informando que o Avião Salva Aéreo foi encaminhado a Parintins para levar a pessoa que tinha sofrido um problema cardíaco e não o agricultor.

 

“Quando uma aeronave UTI se desloca de Manaus é porque a assistente social do hospital ou do município já entrou em contato com Manaus e já está reservado o leito para atender o paciente que passou pelos procedimentos médicos e não a outro paciente”, explicou.

 

Josimar Marinho disse ainda que o Avião Salva Aéreo UTI vem preparado com um médico, um enfermeiro e apenas uma maca, não havendo possibilidade de transportar duas pessoas.

 

“Se os técnicos que vieram avaliassem o outro paciente, eles deixariam o que estava menos grave para levar o com estado mais grave, mas diante mão eles vieram para buscar o paciente que sofreu problemas cardíacos” completou.

 

Josimar Marinho explicou que são os médicos que veem não UTI Móvel que avaliam o estado de saúde do paciente, baseado nas informações repassadas pelos médicos locais sobre as condições do paciente. “Às vezes a gente pensa que o paciente que está calmo pode esperar a sua vez, mas não é assim, são os profissionais da UTI Móvel que fazem a avaliação do paciente”, finalizou.    

 

A família de Alessandro registrou Boletim de Ocorrência (BO) na Delegacia de Polícia Civil e aguarda um posicionamento sobre o caso. Segundo a família, até agora a polícia mantêm silêncio do caso, não realizou perícia no local e nem prendeu o acusado, que de acordo com o irmão da vítima, deixou a localidade rural. A reportagem não conseguiu contato com o delegado Bruno Fraga para se pronunciar sobre o caso e os questionamentos dos familiares do interiorano.

 

Fernando Cardoso | Repórter Parintins

 

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