Falta de investimento desmotiva parintinenses plantadores de juta

Falta de investimento desmotiva parintinenses plantadores de juta Fotos: Fernando Cardoso Notícia do dia 26/04/2017

Um dos principais pólos de plantação de juta e malva nas décadas de 60 e 70, o município de Parintins amarga uma perda muito grande na produção das duas culturas por falta de incentivo.

 

Atualmente, apenas um representante da empresa faz a compra das fibras dos produtores que insistentemente ainda se mantém na atividade. Apenas juteiros de quatro regiões do município ainda desenvolvem a atividade, Ilha do Vale, Ilha do Chaves, Macaiani e Costa do Amazonas.

 

O juticultor Paulo Lemos, morador do Mocambo, é um dos que sente na pele todo o seu esforço ser perdido por não poder vender o estoque de juta pelo preço pretendido.

 

“Os produtores que ainda sobrevivem da juta nesse período tem prejuízos por não ter compradores. Quem compra, dita o preço. Às vezes ainda esnobam a gente dizendo que, se não vendermos a nossa produção vamos acumular prejuízos. Então, somos obrigados a vendê-la por preços inferiores ao de mercado”, retrucou.

 

O juticultor Aldino Pimentel assegura que o trabalho de plantio no ano passado e a colheita no início de 2017 foram precários por falta de sementes, recursos, assistência e o preço abaixo do mercado.

 

O representante da Companhia Têxtil de Castanhal (CTC) no município, Marlúcio do Amaral Pereira, o Piririma, assegura que falta incentivo para os juticultores, sementes e assistência técnica. “O governo investe milhões nos bois, ao invés de investir no produtor. Existe mercado para a juta e malva, basta o produtor produzir que o dinheiro é na hora”, assegurou.

 

Atualmente o maior pólo produtor e comprador das fibras é Manacapuru. Piririma adiantou que esse ano a CTC investiu cerca de R$ 10 milhões no município manacapuruense, enquanto que em Parintins não chegou a R$ 500 mil.

 

O representante da CTC garante que ano passado conseguiu junto a Secretaria de Produção Rural do Estado (Sepror) com ajuda do ex-subsecretário Valdenor Cardoso, três toneladas de sementes, mas esse ano o governo não distribuiu, levando os juticultores a comprar a semente com a garantia de pagar com a venda da fibra.

 

A CTC está comprando a R$ 2,40 o quilo do produto. Na semana passada, Piririma fez a compra de 5,2 toneladas no município, mas segundo ele, também perdeu 2 toneladas por conta da fibra não ter passado pelo processo de secagem adequado.

 

Com a venda, os juticultores parintinenses conseguiram cerca de R$ 120 mil. Toda a juta foi encaminhada para Manacapuru e será comercializada junto a Amazo Juta, fábrica de tecelagem do município manacapuruense.

 

“Se a gestão do município pudesse garantir a compra do produto anualmente por um preço justo, todas as despesas seriam supridas pelos juteiros”, finalizou Piririma.

 

O Brasil produz anualmente 20 milhões de sacas de juta. A indústria desse tecido têxtil se transformou em uma alternativa para suprir as bolsas plásticas, que começaram a ser restringidas nos supermercados de algumas cidades do país.

 

Fernando Cardoso | Repórter Parintins

 

 

 

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