
Um metro e doze centímetros é a diferença da enchente de 2017 para a maior já registrada no Amazonas em 2009. A informação partiu do coordenador regional da Defesa Civil do Estado, tenente Wilson Silva da 3ª Companhia Independente de Bombeiro Militar de Parintins (3ª CIBM).
De acordo com o militar a cota do Rio Amazonas na quarta-feira (12) estava 0,28 centímetros abaixo da cota da enchente de 2009 na mesma data. O tenente explica que sempre há uma confusão quando se trata de enchente, sendo preciso atentar corretamente para o aferimento da régua fluviométrica instalada no píer da Cidade Garantido.
Wilson Silva informou que até quarta-feira (12) a cota da enchente de 2017 estava em 8 metros e 26 centímetros, ou seja, 0,28 centímetros a menos da cota de 2009 no mesmo período que era de 8 metros e 54 centímetros.
O bombeiro militar explica que nos dois últimos dias o nível do rio vinha subindo de dois a três centímetros por dia, alterando quando há chuvas na região, mas que a água volta a baixar quando cessa o fenômeno natural.
“Existe uma preocupação porque é importante que todos os órgãos da administração pública e os ribeirinhos tenham essa preocupação com a enchente que está chegando e todos já comecem a preparar os seus recursos humanos e materiais porque muito em breve vamos entrar em situação de emergência”, declarou.
O tenente Wilson informou que tem visitado as áreas urbanas e rurais dos municípios de Parintins, Barreirinha, Nhamundá, Boa Vista do Ramos e Maués e pôde verificar que o nível do rio nessas cidades está subindo no mesmo patamar.
“Em todas as cidades temos feito o mesmo trabalho de monitoramento e observação do movimento do rio. O Estado e Municípios estão prontos para atuar quando a enchente chegar com mais intensidade”, frisou.
O coordenador regional da Defesa Civil do Estado informou também que ainda vai demorar um pouco para que os municípios decretem situação de emergência.
“Para que isso ocorra, os municípios têm que cumprir alguns requisitos estabelecidos na legislação, mas que não impedem que eles comecem trabalhar em ações de resposta ao fenômeno natural” disse.
Em Parintins, a enchente ainda não atingiu com intensidade as áreas baixas como: Itaguatinga, Palmares, Itaúna I e Santa Rita, diferente da zona rural onde todas as áreas de várzeas estão inundadas.
Aos moradores dessas áreas, o tenente Wilson Silva recomenda que as famílias redobrem o cuidado com as crianças para evitar acidentes e afogamentos, além de picadas de animais peçonhentos.
O assessor da Defesa Civil do Município (COMDEC), Lucas Willame, adiantou que o órgão já está atuando fazendo levantamentos, planejamentos e ações de vistorias na zona rural prevendo um grande enchente.
“Já iniciamos a elaboração do Plano de Contingência para 2017, mapeamento das áreas que já estão alagadas e as vistorias na zona rural com atendimento das pequenas demandas. No certo é que estamos nos preparando para agir caso a enchente seja uma das maiores dos últimos anos”, finalizou.
Área Rural
Ribeirinhos das comunidades da região do Mocambo, Caburi, Valéria, Tracajá, Mamuru, Uaicurapá, Paraná do Espírito Santo, Brasília e Catispera acostumados com os fenômenos da seca e da enchente apontam que o nível dos rios e lagos da região sobem em média de 2 a 3 centímetros. Eles avaliam que essa oscilação está relacionada com as chuvas que estão caindo na região.
De acordo com moradores das áreas de várzeas, o maior rio do mundo em volume d’água nos últimos dias estagnou, mas não quer dizer que tenha parado de subir, até porque ainda tem praticamente dois meses para a água subir.
Em 2009 quando foi verificada a maior enchente da história do Estado, o Rio Amazonas atingiu o seu pico máximo no dia 17 de junho, alcançando 9 metros e 38 centímetros. Na última quarta-feira (12) a enchente de 2017 alcançou a marca de 8 metros e 26 centímetros.
Ribeirinhos acostumados com os fenômenos naturais disseram que nos dias atuais não há como prevê se a enchente vai ser grande, mas asseguram que o volume de água verificado nas localidades assusta.
A maioria dos comunitários contactados pela reportagem assegura que já perdeu toda a plantação, alguns utensílios domésticos e animais que estão sendo mortos afogados ou devorados por sucurijus e jacarés.
Morador da Região do Rio Uaicurapá há 26 anos, o agricultor Ronildo Nascimento, 49, disse que a enchente desse ano pode se igualar com a 2009.
Junto com a esposa lamentam a perda de toda a plantação agrícola e a possível inundação em breve da casa. Ele calcula um prejuízo acima de R$ 4 mil. “A água destruiu a nossa produção de verduras e culturas de curto ciclo”, lamentou.
O agricultor relata que se a enchente for grande não vai abandonar a sua casa por temer saques por parte de pessoas que aproveitam a enchente para levar pertences, telhas e tábuas.
Fernando Cardoso | Repórter Parintins