Parintins ganha mais pedintes e andarilhos

Parintins ganha mais pedintes e andarilhos Foto: Fernando Cardoso Notícia do dia 10/04/2017

O número de pedintes e andarilhos na cidade dobrou em 2017, se comparado com os últimos anos. É visível, principalmente no centro comercial da cidade, algumas pessoas pedindo dinheiro, ranchos, remédios e até passagens para deixar o município por conta do desemprego.

 

Essa realidade é protagonizada por pessoas adultas e crianças, os quais pedem comida e dinheiro dos freqüentadores de lojas, bares, lanchonetes e restaurantes.

 

Diariamente na Francesa, onde nesse período o movimento é intenso, algumas pessoas também são vistas pedindo dinheiro e comida, inclusive, crianças na faixa etária de 7 a 12 anos.

 

Quanto os andarilhos, é comum vê-los nas praças do centro da cidade bebendo ou deitados em meio a caixas de papelão e redes velhas. O andarilho Francisco Chagas, o Monte, 45, natural do Pará disse que nasceu no município de Ponta de Pedras na Ilha do Marajó.

 

Ele contou que impulsionado pela fama do Festival Folclórico veio a Parintins em 2015 e não retornou mais para Belém onde sempre morou com a família.

 

“Tinha curiosidade de conhecer a festa, mas fui ficando, ficando aqui e acabei morando na rua. Não quero viver nesta vida, quero arrumar um cantinho para mim”, contou.

 

Cheio de chagas e inchaço nas pernas, Monte conta que os edemas são causados pelo frio e pela vida que vem vivendo nas ruas.

 

Outro elemento identificado pelo pseudônimo de Maranhão disse que a falta de condições passou a morar nas ruas e para sobreviver tornou-se pedinte.

 

“Eu e meus colegas corremos riscos, dormimos ao relento coberto com papelões e pedaços de pano ou redes que as pessoas doam pra gente”, frisou.  

 

Um cidadão que se identificou por Benedito Freitas esteve numa banca de vender pescado na Rua 03 do Bairro Paulo Corrêa querendo peixes, alegando que não tinha dinheiro e que os filhos precisavam comer.

 

Desconfiado, o dono da banca entregou-lhe duas curimatãs no valor de R$ 15,00. O cidadão disse que só deu o pescado porque o pedinte não solicitou dinheiro, mas comida.

 

O aposentado Raimundo Jesus Oliveira, o Guruga, relatou que convive quase que diariamente com pedintes e famílias que vão na sua residência pedir comida, dinheiro e medicamentos.

 

Guruga contou que já comprou unidades de quentinhas para dar comida aos andarilhos, pois sabe que eles sempre vão bater na sua porta em virtude da maioria se concentrar na área do centro próximo a sua residência.

 

Guruga avalia que o poder público através da Semasth precisa realizar ação social alugando um local para que eles pudessem morar e prestar algum serviço a Prefeitura. “Tem dinheiro pra isso, sei que tem. Os psicólogos e assistentes sociais poderiam fazer um trabalho com eles com a garantia de prestar algum serviço como: varrer rua, vigiar praças, capinar e outros. Creio que a metade deles teriam recuperação, basta tentar fazer, ao invés de fazer ações sociais só pra bacana”, comentou.

 

Outro ponto negativo referente aos andarilhos é quando a cidade conta com os turistas. Os que andam pela Praça Eduardo Ribeiro tiram um tempo para fotografá-los em estado de miséria, inclusive, as chagas que os mesmos apresentam no corpo. 

           

Nos últimos anos, o aumento do desemprego e o crescimento populacional de Parintins fez crescer também o número de problemas sociais, especialmente quanto ao número de famílias com renda abaixo do salário mínimo.

 

A reportagem procurou a Semasth para questionar se existe algum projeto voltado ao assunto exposto, porém a recepcionista informou que a secretária estava fazendo uma ação social de entrega de enxovais para gestantes.

 

Fernando Cardoso | Repórter Parintins

 

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