Municípios do interior irão participar de projeto que utiliza tecnologias sociais

Municípios do interior irão participar de projeto que utiliza tecnologias sociais Foto: Valdo Leão/Secom Notícia do dia 09/03/2017

Três municípios do interior do estado do Amazonas irão participar de um projeto de utilização de tecnologias sociais cujo objetivo é permitir o diagnóstico, tratamento e controle da anemia ferropriva nas escolas. O projeto é desenvolvido pela Fundação Banco do Brasil (FBB) em parceria com o Instituto para o Desenvolvimento Social (Idis), Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e as Secretarias de Estado de Saúde (Susam) e de Educação (Seduc). Na primeira etapa do projeto serão beneficiados os municípios de Borba, Nova Olinda do Norte e Itacoatiara, com previsão de beneficiar 2 mil famílias. 

 

A coordenadora da área técnica de saúde da criança da Susam, Katherine Benevides, informa que o projeto tem a finalidade de permitir o diagnóstico, tratamento e controle da anemia ferropriva em crianças a partir das escolas, de forma sustentável, permitindo criar um programa de combate à anemia que associe baixo custo e um processo simples de gestão e monitoramento. 

 

Segundo Katherine, o projeto será desenvolvido em várias etapas e as atividades tiveram início em 2016 com o mapeamento das tecnologias sociais aderentes às comunidades ribeirinhas do município de Borba. A segunda etapa consistiu na coleta de dados para implantação do projeto em Nova Olinda do Norte e Itacoatiara. E a terceira etapa terá início no mês de março com a implantação das tecnologias sociais em comunidades dos três municípios. 

 

Nos municípios, o projeto será desenvolvido em parceria com as secretarias municipais de Saúde, Educação, Meio Ambiente e Obras, além do envolvimento das lideranças comunitárias locais. 

 

Na prática o projeto viabiliza além do exame para diagnóstico da anemia ferropriva, a utilização das tecnologias sociais, entre elas a implantação de fossas ecológicas, que utilizam um sistema de tratamento e reaproveitamento dos nutrientes fluentes do vaso sanitário. O equipamento foi criado por Tom Watson, nos Estados Unidos das América, e adaptado por permacultores brasileiros. Nesse sistema ocorre a decomposição anaeróbica da matéria orgânica, mineralização e absorção pelas plantas.

 

Segundo Katherine, esse é um projeto ideal para as comunidades, onde não há infraestrutura de saneamento básico. “A falta de saneamento básico acarreta o aparecimento de doenças, principalmente entre as crianças, por isso vemos como de extrema importância a implantação de projetos como esse cujos resultados iremos ver a médio e longo prazos, com as crianças de agora que serão adultos mais saudáveis no futuro”.

 

Os municípios que participarão do projeto, Borba, Nova Olinda do Norte e Itacoatiara ficam localizados a 322, 236 e 211 quilômetros, respectivamente, distantes de Manaus, por via fluvial. Itacoatiara, que é ligada à capital por estrada, fica a 270 quilômetros de Manaus.

 

Ultravioleta para melhorar condição da água

Outra tecnologia social que será aplicada nos três municípios será o de desinfecção solar da água potável, um processo simples e barato que utiliza radiação ultravioleta (UV) solar e a alta temperatura para neutralizar elementos patogênicos que causam diarreias e outras doenças de veiculação hídrica. 

 

Os banheiros ecológicos também são uma tecnologia social que será disponibilizada para as comunidades no Amazonas. A técnica consiste na implantação de um sistema de saneamento descentralizado, em regiões com alagamentos sazonais, com a adaptação de um recipiente impermeável instalado acima do solo e fixo por hastes, de modo que o movimento das águas não permita o extravasamento dos dejetos. Nesse sistema não se utiliza água para diluição dos dejetos. 

 

Katherine Benevides destaca que são soluções simples, economicamente viáveis e sustentáveis que irão permitir que as populações ribeirinhas do interior do estado tenham acesso a serviços básicos e possam se manter longe de doenças que afetam principalmente as crianças. “As crianças muitas vezes tem seu desenvolvimento retardado ou interrompido por contraírem doenças simples de serem combatidas e com esse projeto nós estamos buscando a solução para esses problemas”, destaca. 

 

Ela ressalta ainda que a escolha dessas tecnologias foi feita a partir de um diagnóstico preliminar, realizado com a participação das populações locais, levando em conta o contexto atual e identificando as demandas e as carências dos moradores. 

 

Estado pioneiro

A coordenadora lembra ainda que o estado do Amazonas foi o primeiro estado da região Norte e o segundo do Brasil, depois do Rio Grande do Sul, a aprovar  um Programa para a Primeira Infância. Criado em consonância com a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC), o programa foi lançado em 2015 pelo Governo Federal.

 

O programa visa à promoção do desenvolvimento integral da criança, desde a gestação até os seis anos de idade, por meio da integração das Políticas Públicas desenvolvidas no âmbito da saúde, educação e assistência social do estado e dos municípios.

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