Sociedade de Cirurgia Plástica cobra investigação de tráfico de órgãos, uma das vítimas é parintinense

Só neste mês, três casos suspeitos foram registrados. Uma das vítimas morava em Parintins (AM)

Sociedade de Cirurgia Plástica cobra investigação de tráfico de órgãos, uma das vítimas é parintinense Notícia do dia 27/09/2016

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) encaminhou ofício aos Ministérios da Justiça, das Relações Exteriores e à Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, para investigar casos de tráfico de órgãos de pacientes que saíram do Amazonas e Roraima e morreram após realizarem procedimentos estéticos na Venezuela. Só neste mês, três casos suspeitos foram registrados. Uma das vítimas morava em Parintins.

 

O presidente nacional da SBCP, Luciano Chaves, classificou a situação como gravíssima, uma vez que o número de pacientes que morrem após o procedimento ou que retornam mutiladas do país vizinho é grande, mas sem dar números precisos e oficiais. “As cirurgias acontecem sem segurança, planejamento e muitas vezes os médicos sequer são especialistas. O caso merece uma atenção das autoridades”, afirmou o presidente, que vai propor à PF realizar campanhas educativas na fronteira do Brasil com a Venezuela para evitar que mulheres continuem se arriscando no “turismo da beleza”.

 

De acordo com Chaves, os indícios de tráfico de órgãos são fortes e iniciaram há três meses, quando a SBCP recebeu uma denuncia feita pela família de uma paciente que morreu na Venezuela, cujo nome não foi informado, e teria voltado sem um rim.

 

Outro caso mais recente é da roraimense Adelaide Silva, que morreu há uma semana na cidade de Puerto Ordaz, após ter complicações durante um dos procedimentos estéticos. Segundo familiares da vítima, o corpo chegou em Boa Vista sem nenhum órgão. “O corpo dela foi levado para o IML de Boa Vista e lá, o médico legista disse que não havia nada dentro dela. Temos certeza que os órgãos foram retirados na clínica onde ela morreu porque de lá, o corpo foi direto para a funerária”, afirmou a sobrinha da vítima, Michele da Silva Bezerra, 40.

 

Familiares da comerciante Dioneide Leite, que saiu de Parintins no início do mês e morreu no dia 13, acreditam que o mesmo não aconteceu com ela porque os acompanhantes estavam bem instruídos e não permitiram que os médicos venezuelanos realizassem a necropsia.

 

Outra suspeita levantada pela SBCP é de que os órgãos lesionados das vitimas sejam retirados para impedir que perícias sejam realizadas quando o corpo chega ao Brasil. “O número de intercorrências são altas e há muitos médicos operando lá sem especialidade. É preciso investigar se o tráfico está mesmo ocorrendo, ou se esses órgãos estão sendo retirados para que a família não realize a perícia no órgão que foi perfurado e constate a irregularidade”, explicou o cirurgião plástico presidente da sociedade.

 

Necropsia

 

Sobre a denúncia de tráfico de órgãos, A CRÍTICA não conseguiu confirmar se a legislação venezuelana é semelhante a brasileira, que obriga a extração dos órgãos para serem necropsiados por um médico legista que irá identificar as causas da morte ou avaliar qual doença ou ferimento está presente no paciente e emitir um laudo pericial sobre o caso.

 

Médicos solicitam força-tarefa

 

Em abril deste ano, membros da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) foram ao Ministério Público Federal e Polícia Federal no Amazonas para pedir a criação de uma “força-tarefa” para investigar os casos de brasileiras que vão para países vizinhos realizar cirurgias plásticas e voltam mutiladas ou mortas. A partir desta segunda-feira, a SBCP também vai procurar os órgãos em Roraima para propor que o “turismo da beleza” seja investigado. De acordo com o presidente da Sociedade, Luciano Chaves, há registro de 15 mortes de brasileiras nos últimos anos que se submeteram a cirurgias plásticas na Venezuela.

 

Em outros países

 

Segundo o cirurgião plástico Luciano Chaves, o turismo da beleza também acontece nas fronteira do Brasil com Bolívia e Paraguai, onde as mulheres são atraídas por serviços mais baratos que os praticados no País.

 

Kelly Melo | A crítica online

 

 

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