
O médico Oscar Hurtado, responsável pela cirurgia da moradora de Parintins Dioneide Leite, de 36 anos, que faleceu nesta terça-feira, na Venezuela, afirmou que a cirurgia foi agendada pelo Whatsapp e que a morte da paciente foi uma fatalidade. “A ela não faltou nenhum remédio, nenhum tratamento, mas fatalidades acontecem”, afirmou ele, em entrevista exclusiva à reportagem de A Crítica.
Dioneide faleceu na madrugada de terça-feira, depois de ficar dez dias internada. Ela passou por um procedimento cirúrgico no último dia 2, para uma abdominoplastia - procedimento estético no abdômen - e uma redução de mama sem implante de silicone, segundo o médico. Oscar explicou que, durante a cirurgia, ela teve uma arritmia cardíaca. “Ela apresentou uma arritmia e tive que suspender a cirurgia. Se não suspendo ela morre na mesa de operação. São coisas inevitáveis, como um acidente de trânsito”, detalhou ele, em áudio enviado a grupos que reúnem mulheres brasileiras que fazem cirurgias na Venezuela.
À reportagem, Oscar confirmou a autenticidade do áudio, e afirmou que deu toda a assistência necessária à paciente no pós-operatório. “Ela esteve internada em uma clínica privada com todas as despesas pagas por mim. Eu não sou culpado de nada, mas meu espírito cristão diz que eu devo ajudar”, justificou o médico, em entrevista, afirmando que ela teve uma infecção, que provocou uma pneumonia severa, causando o óbito. No áudio divulgado, ele demonstrou tristeza com o ocorrido. “Nunca quis causar nenhum dano a nenhum paciente. Me formei para salvar vidas e não para causar danos a ninguém”.
Oscar Hurtado afirma que esta é a primeira vez que uma paciente morre após uma cirurgia realizada por ele. Ele diz ter 20 anos como médico, tendo como especialidade cirurgia-geral, oncológica e estética, e que foi procurado por Dioneide após operar a cunhada dela, de nome não revelado. De acordo com ele, a cirurgia foi agendada pelo Whatsapp. “Ela pegou meu contato com a cunhada, que havia feito cirurgia comigo meses atrás e ficou muito satisfeita e agradecida. Ela falou comigo pelo WhatsApp, assim combinamos tudo e ela fez a cirurgia em 2 de setembro”, relatou o médico, alegando que disponibilizou uma equipe completa para acompanhar a paciente. “Eu e minha equipe de trabalho suspendemos todas as nossas atividades para atender somente a ela. São 5 anestesiologistas, 3 cirurgiões, dois intensivistas e dois hematologistas, além dos médicos generalistas e enfermeiras”.
Segundo o médico, Dioneide passou por todos os exames pré-operatórios necessários e estava apta a realizar o procedimento. “Em nenhuma parte do mundo um anestesiologista ‘dorme’ um paciente sem avaliar os exames pré-cirúrgicos. Ela e a cunhada, que também iria fazer cirurgia, fizeram exames de laboratório, raio x de tórax e avaliações cardiológicas indispensáveis para operar”, afirmou.
Revalida em Manaus
De acordo com o médico, a morte de Dioneide gerou uma onda de boatos. A primeira informação tratada por ele como inverídica é de que ela teve o pulmão perfurado. “Se ela teve, não aconteceu na sala de cirurgia”, disse ele, no áudio divulgado, onde ele também contesta a informação de que estaria no Brasil, foragido. “Se eu fosse fugir eu iria para a cidade ou o País da paciente?”.
Em conversa com a reportagem, Oscar Hurtado revela que esteve em Manaus no último domingo, para realizar o exame Revalida, necessário para aqueles médicos estrangeiros que queiram atuar no País. Ele disse que fez a prova na Universidade Federal do Amazonas e que esta foi a primeira vez que veio à cidade. “Falaram que eu tenho um consultório no Shopping Millennium. Meu Deus, muita calúnia”.
Questionado se fez o Revalida para atender no Brasil, ele disse que ainda não tomou esta decisão. “Ainda não sei, também estou fazendo revalidações no Chile e Bolívia”, afirmou ele, que não respondeu quando questionado se ainda estava em Manaus ou se já havia voltado para a Venezuela. O médico disse que é constantemente procurado por pacientes do Amazonas, Roraima, Guiana, Suriname, Colômbia, Estados Unidos e Espanha. “Em outubro vem fazer uma cirurgia um paciente da Holanda”.
Oscar Hurtado disse que, no domingo, em Manaus, conversou com a irmã de Dioneide para saber o estado dela e recebeu notícias de que ela havia melhorado. Ele encaminhou o áudio atribuído à irmã da paciente, no qual ela detalha melhorias. “A Dioneide está melhorando, graças à Deus. Ela está bem desinchada. O inchaço era devido à medicação, e eles já estão tirando, era muita medicação. Eu falei com ela, ela escuta. Quando disse que ia sair da sala pras meninas entrarem, ela balançou a cabeça dizendo que não era pra eu sair de lá (...) Falei para ela ter fé e confiar em Deus, e creio que brevemente ela vai sair ali daquela sala”, diz a mulher, no áudio encaminhado pelo médico.
Dante Graça | Manaus (AM) – Portal A Crítica