Foto: Arquivo/ JRP
Notícia do dia 26/07/2016
* Alexsandro Medeiros
Nos dias de hoje é possível observar que, em meio a tantos problemas e crises vivenciados pela nossa sociedade – crise política, crise econômica, crise social, crise ambiental – constatamos que a ética vem ganhando espaço nos mais diferentes setores da sociedade, seja na área empresarial, na área profissional, em educação e pesquisa e, inclusive – por mais que seja difícil perceber –, na política, ou seja, estamos presenciando o surgimento daquilo que poderíamos chamar de uma cultura de ética no País.
Hoje em dia fala-se de uma Ética Profissional (Código de Ética Profissional do Psicólogo, do Administrador, do Assistente Social etc.); de uma Ética Empresarial (as grandes empresas e corporações nacionais e internacionais têm, em sua grande maioria, um Código de Ética que norteia os princípios e valores dentro de suas relações empresariais e comerciais); fala-se de Ética na Educação (a Ética constitui um dos temas transversais nos Parâmetros Curriculares Nacionais); fala-se ainda da inserção de princípios éticos no campo da política e este é o objeto principal de interesse neste artigo.
Tem-se tornado cada vez mais importante o papel que as comissões parlamentares desempenham no Congresso Nacional, nas Assembléias Legislativas e Câmaras Municipais e dentre as inúmeras Comissões Parlamentares existentes está a Comissão de Ética. É verdade! Existe uma Comissão de Ética em cada uma destas casas legislativas e, de acordo com o Regimento Interno (em seus artigos 45 e 46) da Câmara Municipal de Parintins (CMP): compete a Comissão de Ética apurar reclamações, representações, denúncias, zelar pelo comportamento e postura dos vereadores do município.
O Código de Ética (e o Regulamento do Conselho de Ética) da Câmara dos Deputados no Congresso Nacional é bem mais extenso que os meros dois artigos do Regimento da CMP e chama atenção para o fato de que o conceito de democracia representativa está diretamente relacionado com a ética na medida em que os cidadãos esperam transparência e responsabilidade de seus representantes, além de procurar deliberar sobre o bem-estar de todos, ou seja, o bem comum, o bem da coletividade, e não seus próprios interesses pessoais.
Um dos grandes problemas da política como um todo é que, ao invés de ouvirmos falar em transparência, responsabilidade, honestidade e bem comum, ouvimos falar em improbidade administrativa, estupro de incapaz, abuso de poder econômico e, claro, compra de votos (tão deplorável quanto aquele que compra, é o que vende o seu voto). Mas, não percamos as esperanças! Sejamos otimistas (ou idealistas, se preferirem). A Ética está ganhando espaço na sociedade. Queiram os políticos, ou não!
* O autor é professor de Filosofia da Ufam em Parintins.
