O Caprichoso encerrou sua participação do 51º Festival Folclórico reverenciando os negros. O azul e branco destacou a importância da matriz africana e dos nordestinos no processo de formação cultural do boi-bumbá de Parintins.
A apresentação do bumbá iniciou com participação especial da cantora Paula Gomes, parintinense conhecida na cidade por cantar MPB em voz e violão. Cantando a toada “Amazônia, Encontro dos Povos”, de Ronaldo Barbosa, Paula e o levantador de toadas David Assayag decantaram o povo negro e seus movimentos de resistência, como a Cabanagem, revolução popular ocorrida no estado do Pará, entre os anos de 1835 e 1840. Fabiano Neves destacou o orgulho do Caprichoso em ser negro, representando a força e a bravura dos afrobrasileiros.
As toadas “Amazônia nas Cores do Brasil” e “Somos Marujada de Guerra” levantaram a galera do Caprichoso que iniciou seu momento alegórico repetindo o módulo central da alegoria de Juarez Lima, trouxe o Boi Caprichoso de dentro do coração da mãe natureza. O momento amazônico surgiram os itens Porta-Estandarte, Sinhazinha da Fazenda, Amo do Boi e Vaqueirada.
A Cunhã-Poranga , Maria Azedo, surgiu em uma alegoria mesclada dos artistas Juarez Lima e André Amoedo. Amoedo é o responsável pela Lenda Amazônica “Juma”, que desabou na manhã da última sexta-feira após a tempestade que caiu em Parintins. Maria evoluiu aos jurados, mesmo sem valer pontuação, e em seguida se juntou aos coreógrafos da galera do Caprichoso.
Um Caprichoso gigantesco trouxe à arena a Rainha do Folclore Brena Dianná. Ao som da toada Boi Brasileiro, Brena levou o público presente a se alegrar e arrancou aplausos da comissão julgadora. O item Rainha do Folclore não conta pontos na última noite de apresentação.
Sensibilidade
Uma das toadas que mais emocionam a torcida do Caprichoso foi apresentada como Toada, Letra e Música na última noite de apresentação. Sensibilidade, de Adriano Aguiar, foi cantada por David Assayag e por toda a nação azul e branca. Após o encerramento da toada, alguns jurados aplaudiram efusivamente o levantador do Caprichoso.
Ritual
O artista Oséas Bentes foi responsável pelo ritual indígena Juri’jurihuve, da tribo parintintin. O rito relata a história entre o duelo entre onças e uma ariranha que surge das profundezas das águas para aterrorizar os parintintin. Liderados pelo pajé, a tribo consegue espantar a fera do mal e há festa para comemorar a libertação.
Fé e homenagens
O Caprichoso encerrou sua apresentação reverenciando a padroeira de Parintins, Nossa Senhora do Carmo, e ao artista que revolucionou o Festival Folclórico no final da década de 1970, Jair Mendes. Seu Jair, como é carinhosamente conhecido, dançou como tripa do Boi Caprichoso por alguns instantes e emocionou a torcida do azul e branco.
Agressão e Confusão
Nem tudo foi festa na apresentação do Caprichoso. Antes do disparo do cronômetro, o animador do boi, Klinger Araújo, relatou ao público presente uma possível agressão sofrida por um dos fiscais do azul e branco e que, inclusive, virou caso de polícia conforme relatado pelo REPÓRTER PARINTINS. Durante a apresentação, uma fiscal do Garantido e o tripa do Caprichoso protagonizaram um princípio de confusão. Mayse Garcia relata que foi provocada por Markinho Azevedo. Por sua vez, o diretor administrativo do Caprichoso, Elias Michilles, relata que Mayse fez tudo de maneira intencional e que já houve problemas semelhantes, com mesma fiscal, na primeira noite do festival.
João Carlos | Repórter Parintins