Carne de babujo possivelmente vendida como picadinho em Parintins

O informante disse que o picadinho vendido chega a ter valor inferior ao de mercado

Carne de babujo possivelmente vendida como picadinho em Parintins Foto: Marcondes Maciel Notícia do dia 29/02/2016

A comercialização de picadinho produzido a partir de sobras de carne do matadouro municipal Ozório Melo pode estar sendo praticada no município e colocar em risco a saúde pública, além de caracterizar um desrespeito às normas de sanitárias do município.


A carne provavelmente é retirada dos couros do gado abatido, além de outros miúdos como gordura, sebo e resíduos não comerciais e classificados como babujo para cachorro, portanto, comida imprópria para o consumo humano. Até mesmo carne que são descartáveis, como as que apresentam marcas de vacina e manchas de fraturas, possivelmente seriam utilizadas de forma comercial.


De acordo com denúncias chegadas à redação do REPÓRTER PARINTINS, um esquema comandado pelo ouvidor da Prefeitura de Parintins, Marcos Vila Real, retira legalmente as sobras de carne do matadouro para ser moída e em seguida distribuída para a comercialização em estabelecimentos comerciais.


Segundo as revelações de pessoas que trabalham no ramo e que não concordam com o descaso e fraude da carne moída, alguns funcionários do frigorífico, no ato de retirada do couro do animal, proposidatamente sempre deixam certas quantidades de carne no couro para que depois sejam retiradas e utilizadas na produção do picadinho.


O denunciante relata que esses resíduos das reses abatidas no matadouro não passam por nenhum tipo de inspeção veterinária e nem pelo processo de refrigeração e barreira contra contaminação na câmara frigorífica do matadouro, uma vez que é considerado como derivado descartável e sai do setor de abate sem a necessidade de inspeção. Ele contou que misturado à sobra de carne, estão incluída carnes descartáveis como as que apresentam manchas escuras de vacina e marcas de fraturas. Ele não soube informar se essa carne também pode ser misturada ao picadinho.


Como funciona
O informante disse que o picadinho vendido chega a ter valor inferior ao de mercado, por se tratar de uma carne que sai do matadouro sem nenhum custo, variando de R$ 6,00 a R$ 10,00 por quilo cobrado ao consumidor. Ele explica que o açougueiro que compra a carne abatida no matadouro municipal e que está dentro da inspeção veterinária e própria para o consumo humano paga por quilo da rês R$ 9,00 e para produzir o picadinho para a venda o comerciante teria que estipular o preço de, no mínimo, R$ 12,00 para obter lucro mínimo, já que o açougueiro teria uma perda de 20% por cada rês abatida com osso, sebo, couro e gordura.


Entretanto, segundo repassou o denunciante, em cada rês abatida são retirados cerca de 30 quilos de derivados, os detritos conhecidos como babujo. No matadouro são abatidas cerca de 90 reses por vez, sendo realizadas entre três a quatro abates por semana. “No abate de 90 reses, são retirados 30 quilos de babujo de cada uma animal, somam 270 quilos no total, sendo que, parte desses resíduos, pode ser destinado para o picadinho”, disse.


A direção do matadouro frigorífico Ozório Melo confirmou para a reportagem que o responsável pelo recolhimento e destino final das sobras conhecidas como babujo é o ouvidor do município Marcos Vila Real. A reportagem foi informada que Vila Real não faz parte do quadro de servidores do matadouro. Marcos Vila Real não atendeu as ligações da reportagem. Se limitou a enviar um SMS informando que estava em uma reunião.

 

Marcondes Maciel l Repórter Parintins

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