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Notícia do dia 23/02/2016
Inaldo Albuquerque*
Somos um povo diferenciado. Aqui nasceram grandes poetas, brilhantes músicos e artistas que fizeram de uma brincadeira de terreiro a segunda maior manifestação folclórica do planeta; isso sem exageros. Notem: isso em uma época sem recursos e patrocínios milionários, um boi artesanal, mais lindo e empolgante, com elementos surpresas e apresentações que enchiam os olhos de todos que vinham a ilha assistir um espetáculo de imensa grandeza.
Elenco isso tudo para comparar com os dias de hoje, apesar de concordar com um boi concebido como espetáculo e suas adaptações, assistimos um boi frio e estagnado, quem não lembra das apresentações de ano de 97 de ambos os bois??? Era um espetáculo ímpar, e genuinamente feito por Parintinenses. Somado a tudo isso tinha as personalidades da ilha, e a criatividade do povo moradores da ilha Tupinabarana. Naquele cenário desorganizado da cidade todos ganhavam o seu ganha pão, a cidade participava de todo processo de criação dos bois, desde concepção de fantasias até a volta de alegorias aos galpões.
Quem vinha à Parintins naquela época voltava com mil estórias pra contar; ou vivido no Chapão, ou no Horroroso, bares das muvucas bovinas. E como não lembrar da casa vermelha de Dona Maria Ângela e a Azul do seu Amaral??? Tínhamos orgulho ser representados por esses personagens quando ganhavam fama e entrevista na TV. Algumas pessoas esquecem que a história de uma cidade se constrói com a identidade de seus personagens, os bois de pano, teriam vida própria sem Lindolfo, ou Luís Gonzaga????
Gente PELO AMOR DE DEUS, não podemos esquecer da memória de pessoas que ergueram em uma ilha desconhecida, o que temos de maior que é a festa do boi. O boi pra quem não sabe foi construído por pessoas que dedicaram amor e tempo para chegar onde hoje estão, e será muito triste essa história acabar, se liderados por pessoas capazes e esclarecidas...
Portanto TRAGAM O BOI DE VOLTA A ESTA CIDADE, eles pertencem a ela, esse embrião não vingará em outras solos, os bois só funcionam com o cenário de Parintins e seu povo, isso com nada menos que uma história de 100 anos, e todos que tiveram a graça de geri-los, tem a obrigação com todos seus entes que amaram e criaram uma identidade nosso GENUINAMENTE CABOCLA. Portanto não esqueçam que por trás de Azul e Vermelho, tem um povo caboclo e índios que são as cordas dessas fantásticas marionetes que são os bois.
Inaldo Albuquerque - Bacharel em Turismo e Tecnólogo em Gestão Ambiental pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA)
