Cerca de 300 funcionários comissionados e efetivos voltaram a manifestar indignação contra a prefeitura de Barreirinha por conta de salários e direitos trabalhistas atrasados. Os manifestantes se reuniram na semana passada, em frente a igreja Nossa Senhora do Bom Socorro, por volta das 9 horas e percorreram as ruas 9 de Junho e BH1 Nilo Pereira protestando com cartazes e palavras de ordem contra o prefeito Mecias Sateré. Enquanto os servidores efetivos estão com o vencimento do mês de dezembro atrasado, os contratados estavam há dois meses sem receber e com décimo terceiro salário atrasado.
Devido aos constantes atrasos nos pagamentos, os funcionários enfrentam dificuldades financeiras e em muitos casos chegam a passar fome, principalmente os servidores do interior do município, como relata Maria Eliete dos Santos, professora da escola Thiago de Freitas, da comunidade de Santo Antônio da Maloca, que veio para a cidade receber seu salário, não teve como voltar para sua comunidade pela ausência do pagamento.
“Nós, funcionários que trabalham no interior, estamos sendo profundamente afetados com essa situação porque nós não podemos comprar os mantimentos para abastecer nossos lares. Hoje, eu sai da minha casa com meu filho de 5 anos para receber o dinheiro que falaram que ia sair e com isso festejar o início de um novo ano, mas infelizmente fomos enganados e seremos obrigados a passar a virada do ano sem a recompensa pelos nossos serviços”, enfatizou a servidora.
Outra professora que se declarou revoltada com a situação vivida pelos professores municipais foi Ane Keila Tavares. Segundo ela, que trabalha na escola Nossa Senhora do Bom Socorro, da sede do município, os professores das instituições municipais entraram em acordo e concordaram não voltar para a sala de aula caso o pagamento dos salários não fosse efetuado até o dia 4 de janeiro.
“Os professores das escolas Hilma Dutra, Nossa Senhora do Bom Socorro e Jardim Primavera entraram em acordo e não vão voltar para sala de aula pois é injusto nós sermos cobrados pelo nosso trabalho e não ter a recompensa necessária para nos mantermos em nossas atividades”, exclamou.
A palavra do Sinprobae
O Sindicato dos Professores Municipais de Barreirinha (Sinprobae), que organizou a manifestação, ameaçou entrar com de representação no Ministério Público contra a Prefeitura de Barreirinha caso não fosse efetuado o pagamento dos professores.
“A nossa insatisfação é legítima, pois estamos desde novembro sem receber nossos vencimentos, além do décimo terceiro salário. Então, nós como representantes da classe dos professores municipais não tínhamos mais como aceitar isso sem tomar uma medida como essa manifestação. Ano passado aconteceu o mesmo problema e nós não podemos mais deixar isso acontecer. Chega de irresponsabilidade da Prefeitura de Barreirinha”.
Na segunda-feira (4), o presidente do Sinprobae falou que uma audiência com o prefeito seria marcada na próxima sexta-feira (8) onde seriam discutidas a situação dos salários atrasados e a questão do plano de cargos e carreiras que deve ser votado este ano na Câmara de Vereadores.
Em nome da Associação dos Servidores Efetivos Municipais de Barreirinha, que também realizou uma manifestação contra a Prefeitura de Barreirinha, o presidente Benedito Xavier declarou apoio às reivindicações dos funcionários comissionados e comentou a revolta dos servidores efetivos.
“Nós estamos apoiando o sindicato dos professores, embora nós também estejamos passando pela mesma situação na questão de atrasos de salários. Esperamos que nossas reivindicações por respeito à classe trabalhadora seja atendida porque a comunidade barreirinhense não pode aceitar passivamente as irresponsabilidades cometidas pelo poder executivo”, ressaltou.
A manifestação dos funcionários públicos de Barreirinha encerrou por volta do meio-dia no palco alternativo da cidade, onde aconteceu a festa do réveillon em Barreirinha.
Apenas o 13º dos funcionários contratados foi pago e não há previsão para o pagamento dos salários de novembro e dezembro. No caso dos servidores efetivos, o mês de dezembro também continua sem previsão de pagamento.
Silêncio da prefeitura
Nossa reportagem tentou contato com a Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Barreirinha para saber sobre a previsão de regularização das pendências referentes aos salários dos funcionários públicos e sobre a real situação financeira do município, mas não obtivemos respostas até o fechamento desta edição.
Caso de Boca do Acre
Os servidores da cidade de Boca do Acre viveram situação semelhante aos trabalhadores de Barreirinha. Na ocasião, por conta de salários atrasados e falta do pagamento de décimo terceiro salário dos anos de 2014 e 2013, o prefeito Iran Lima foi afastado do cargo no dia 26 de novembro do ano passado. O ministério público considerou que o prefeito descumpriu princípios basilares da administração pública e nas palavras da advogada Monize Almeida, o simples fato da prefeitura não pagar já é um ato ilegal, além disso, a prefeitura nunca informou o número de servidores que estavam na situação de salários e direitos trabalhistas em débito.
Texto Jean Beltão