“Parintins parece que sofreu todas as pragas do Egito”, disse promotor André Seffair

“Parintins parece que sofreu todas as pragas do Egito”, disse promotor André Seffair Foto: Divulgação Notícia do dia 14/12/2015

O promotor público André Seffair lamentou o estado de abandono que se encontra o município de Parintins, seja na administração municipal ou na segurança pública. O assessor institucional do Ministério Público do Estado (MPE) e membro do Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) esteve em Parintins, no dia 9 de novembro, a trabalho no Fórum de Justiça. “Parintins esse ano parece que sofreu todas as pragas do Egito: é fumaça, é lixeira, é lixo na rua e agora é assassinato”, disse.

 


De acordo com Seffair são fatos que não aconteciam em anos anteriores e hoje vem acontecendo na cidade. “Infelizmente parece que se perderam as instâncias de diálogo e dissuasão da sociedade, por meio de seus representantes. A política está degringolada (decadência, queda, ruína, derrota). Quando você chama o meio político para apaziguar os ânimos e tentar harmonizar a sociedade para a determinada paz social, na verdade ao invés de jogar água, ele acaba jogando gasolina”, lamentou.

Crise econômica
O promotor ressaltou deixar bem claro que hoje a nação vive uma crise econômica e se não houver uma correção de rumo pode se tornar uma depressão econômica, sem precedentes dos últimos 20 anos. “A sociedade de hoje não sabe conviver com a depressão econômica, com hiperinflação, uma sociedade constituída por pessoas diferentes, que interagem de forma diferentes e que exigem respostas diferentes, diante de problemas diferentes, cada vez mais complexos”, pontuou.

 

Ele comentou que a crise econômica limitou a atuação do MPE, uma vez que foi reduzido o orçamento da instituição. “A crise econômica fez cair o orçamento de todos os poderes e no Ministério Público não é diferente, diminuiu em torno de 10% daquilo que estava previsto fazer de ações”, disse. Com os recursos a menos, disse Seffair, o MPE atua de todas as formas, mas com obstáculos. “Isso nos obstaculizou fazer aquilo que pretendíamos que teria sido a nossa plataforma, de chegar à administração do Ministério Público, por meio do doutor Fábio Monteiro, procurador geral de Justiça”, frisou.  

 

André Seffair pontuou que a pesar das dificuldades financeiras o MPE nunca deixou de exercer suas funções, sempre trabalhando por uma justiça igualitária. “Com ou sem estrutura, trabalhamos naquilo que tem que trabalhar e fazemos aquilo que é pra ser feito. Logicamente que sem estrutura não fazemos no tamanho que deveríamos fazer, não absorvemos tudo aquilo que deveria ser feito, mas você consegue fazer alguma coisa e essa sempre foi nossa filosofia em todos os lugares, que orienta nossa administração que tem à frente o doutor Fábio Monteiro”, disse.

Denúncias
Entretanto, assegura o promotor, o MPE buscou estruturar o Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) para atuar em uma frente conjunta com outros órgãos e dar uma resposta para a sociedade das demandas chegadas ao conhecimento das autoridades ministeriais. “O Gaeco vem recebendo denúncias com o auxílio de outras instituições, como o Tribunal de Contas do Estado, Controladoria Geral da União, Tribunal de Constas da União e Polícia Federal. Temos várias investigações em andamento”, afirmou.

 

MAIS SOBRE O ASSUNTO

Seffair lamentou a existência de pessoas que tentam desqualificar o trabalho do MPE quando insinuam que o órgão age sempre em favorecimento a grupos políticos. “Eu sempre via algumas pessoas que lidam no meio político querer saber o que estava por trás das nossas ações e chegavam a dizer: esse cara está agindo a mando de não sei quem. Quando entrava contra o Bi Garcia era porque era a favor do Carbrás. Quando entrava contra o Carbrás era a favor do Bi Garcia”, frisou.

 

Para o promotor público o importante é que não se perdeu a vontade de defender uma justiça igualitária, de fato e de direito. “A única coisa que nos inquietava, que continua inquietando e que vai inquietar até o final da minha vida, porque isso não vai desaparecer, é a busca incessante por uma justiça igualitária. Não é porque a pessoa é filho de pobre que tem que receber um tratamento diferenciado e é isso que a gente defende: essa justiça de fato, nas ruas. Porque essa é a verdadeira justiça, aquela que se faz através dos organismos de segurança”, defendeu.

 

Entretanto, desabafou Seffair, a própria justiça tem suas barreiras para se colocar políticos na cadeia por corrupção e outras irregularidades na administração pública. “Para colocar um picolezeiro na cadeia basta uma testemunha. Contra prefeito é diferente, são outras provas, você vai ao tribunal, tem várias discussões, advogados muito bem pagos. Então, a denúncia não pode ser feita de qualquer jeito, tem que ser feita com muito critério, porque para botar um poderoso e rico na cadeia ainda não é fácil”, explicou.

 

Marcondes Maciel/Repórter Parintins

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