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Notícia do dia 12/10/2015
Mortes de homossexuais e pessoas com suspeita de envolvimento em casos de abuso e exploração sexual de menor podem ter acontecido como forma de queima de arquivo. Esta semana o REPÓRTER ouviu denúncias de amigos de vítimas de crimes que levantam suspeita. Homofobia ou queima de arquivo? Essa é a dúvida de muitas pessoas. No mês passado, o Ministério Público Estadual retomou investigações nos casos de pedofilia em Parintins e Barreirinha.
Segundo a Associação de Gays, Lésbicas e Travestis (AGLT), já foram registrados oito homicídios que tiveram homossexuais como vítimas. Em alguns casos, há a suspeita de homofobia, porém, em outros existem fortes indícios de queima de arquivo. Suspeita-se que algumas mortes podem ter sido encomendadas por pessoas ligadas a crimes de pedofilia. Tudo é suspeita e as investigações correm em segredo de justiça. Mas, o principal alvo das investigações são os autores dos crimes de exploração sexual de menor e não as mortes de pessoas ligadas aos crimes.
O presidente da AGLT, Fernando Moraes, o Dinho, se mostra preocupado devido as mortes que aconteceram no município. Ele exemplifica o assassinato de Marivaldo Jorge da Silva Carneiro, conhecido como Flor, encontrado morto num terreno baldio na rua Maués, bairro Nazaré. Até hoje não foi encontrado o autor do crime. Dinho tem dúvidas sobre essa morte. “No caso da Flor, que foi recente, a gente não sabe direito se foi um caso de homofobia ou se foi queima de arquivo, porque chegam muitos comentários, muitas denúncias estão aparecendo”, revela.
Dinho informa que o grupo se reúne e discute os últimos acontecimentos de forma preocupada. A associação prepara uma conferência para tratar diversos assuntos, entre eles, a violência contra homossexuais. Ao fim do evento, será formalizado um documento sobre crimes homofóbicos na região que não foram desvendados e será encaminhado à Secretaria de Justiça do Amazonas. “O nosso trabalho da associação é orientar os homossexuais a não estar se envolvendo em crimes de pedofilia”, destaca.
Sob suspeita
Outro caso que levanta suspeita é a morte da jovem Taisa Jordana, barreirinhense que morou em Parintins e era investigada por envolvimento em crimes de pedofilia. Ela foi morta em Manaus, porém o laudo médico apontou overdose. Um amigo da vítima, que preferiu não se identificar, informa que Jordana conhecia muitos políticos e até policiais que tinham envolvimento sexual com menor. Ele informa que ela sofreu ameaças e até tentativa de homicídio. “A suspeita é que ela tenha sido morta por mandado de alguém devido a uns casos de pedofilia que ela sabia. Sempre tinha uma pessoal que andava atrás dela e a ameaçava de morte”, relata.
Outra morte é do parintinense Clesthon Jasson da Silva, conhecido como Pingo, suposto pivô de várias denúncias em 2012. Pingo morreu com sintomas de HIV no hospital Jofre Cohen. Na época cogitou-se que ele teria sofrido ameaças de mortes.
O membro do Conselho Nacional dos Direitos Humanos, Renato de Almeida Souto, apresentou denúncia junto ao MPE-AM. O inquérito sobre os crimes de pedofilia em Parintins é comandado pela promotora Yara Rebeca Albuquerque Marinho de Paula. Em Barreirinha, o promotor Cláudio Sérgio Tanajura toma a frente das audiências. As investigações correm em segredo de justiça.
Eldiney Alcântara/Repórter Parintins