Indígenas entram em confronto durante manifestação

Indígenas entram em confronto durante manifestação Fotos: Raidenor Stone Notícia do dia 28/08/2015

Indígenas das etnias Hixkaryana e Sateré-Mawé entraram em confrontos hoje pela manhã, 28, durante manifestação que pede exoneração da coordenadora do DSEI/Parintins (Distrito Sanitário Especial Indígena), Paula Cristina Rodrigues. Os grupos estavam em lados opostos. De um lado aqueles que exigem a saída da coordenadora, e de outro, os que defendem a permanência de Paula. A manifestação iniciou na Catedral de Nossa Senhora do Carmo, Centro, e seguiu até a SESAI (Secretaria Especial de Saúde Indígena), próximo a igreja do Sagrado Coração de Jesus.

 

O manifesto enfrente a catedral contou com servidores do DSEI e indígenas que apoiam a gestão de Paula Cristina. Com cartazes o movimento aponta para uma manobra política do outro lado. Segundo a psicóloga do DSEI, Andréia Brelaz de Oliveira, a ocupação à SESAI realizada pelos indígenas está prejudicando o atendimento dos índios. “Precisamos declarar os prejuízos e danos causados em relação a essa manifestação de forma irresponsável. A ocupação na sede do DSEI compromete muito a continuidade das ações, na verdade paralisa”, afirma.

 

Por outro lado, lideranças indígenas Hixkaryana e Sateré-Mawé coordenam o movimento que pede a exoneração de Paula Cristina. Segundo o secretário de Cultura e Educação Diferenciada Sateré-Mawé, Gesiel Sateré-Mawé, há irregularidades nesta gestão e apresentam denúncias de nepotismo, prestação de contas superfaturadas e falta de atenção aos polos indígenas. “A nossa questão não é com os parentes. Nossa briga é com ela (Paula) pela ação dela do que está fazendo com o recurso nosso. Ela quer que aprove a prestação de conta que ela sabe que está errado. Esses parentes sabem, mas eu não sei o que está acontecendo com eles, por isso que a ente não quer confronto com eles a gente só quer que a Paula saia”, declara.

 

As duas manifestações se encontraram em frente a SESAI e foram controladas pela Polícia Militar. O clima tenso gerou preocupação entre moradores próximos. O coordenador da Funai, Sérgio Butel, intermediou o diálogo entre os dois movimentos e, segundo ele, foi preciso acalmar os ânimos. “O momento agora é tentar acalmar os ânimos e evitar a proximidade dos dois grupos que isso geraria um contato físico que não seria bom. Os ânimos estão muito exaltados”, destaca.

 

Segundo Sérgio, a Funai tem uma posição neutra e acredita que a direção geral da SESAI e DSEI tem que se posicionar sobre o caso. Sobre as denúncias de irregularidade, ele afirma que tudo deve ser apurado. “Se houver alguma coisa irregular precisa ser apurado. Nós ainda não temos conhecimento dessa prestação de contas. A Funai tem o dever de fiscalizar os gastos com a saúde indígena”, garante.

 

Após conversa, o grupo que apoia a gestão de Paula Cristina decidiu recuar e novos encontros, desta vez pacíficos, devem acontecer para entrar em acordo. A ocupação ao prédio da SESAI continua e chega ao quinto dia. Até o momento, as autoridades políticas, administrativas e instituições superiores indígenas não se posicionaram sobre a manifestação.

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