Esta questão é uma das mais importantes da reforma política, pois é a principal causa do sistema corrupto implantado em nossa democracia. Graças ao financiamento de campanha o político não se preocupa mais em agradar ao eleitor, torna-se não representante do povo, mas sim representante do poder econômico, das empresas que financiaram ou compraram seu mandato, prefeitos, governadores e presidentes precisam a cada campanha de mais e mais dinheiro para eleger-se.
O dinheiro que financiou diretamente ou através do famoso caixa dois a campanha dos prefeitos, por exemplo, chega indiretamente aos candidatos a vereador da coligação, não a todos, somente àqueles que são fiéis ao sistema, então estes vereadores quando eleitos serão fieis ao povo ou ao prefeito/sistema?
Claro que em primeiro lugar o prefeito, por isso que você liga seu rádio para escutar a Rádio Câmara e raramente algum vereador está na tribuna cobrando uma benfeitoria para o povo, e sim defendendo ou atacando o prefeito atual ou o ex-prefeito, pedindo menção honrosa ou título de cidadão para empresários e também tratando de assuntos pessoais como mandar recado para suas desavenças.
Então, todo esse dinheiro que financia campanhas, sai do bolso de empresários e estes não o fazem de forma abnegada, deixam bem claro que o prefeito ou governador quando ganhar deve fazer com que a empresa financiadora vença licitações para devolver o investimento com juros.
Esse sistema é baseado no financiamento de campanha dos candidatos por empresas. Na minha opinião, qualquer tipo de financiamento deveria ser proibido, nem de pessoa jurídica e muito menos pessoa física. Todos os candidatos deveriam ser financiados por recursos públicos.
Pode parecer um absurdo em um primeiro momento pensar que o dinheiro público deve ser usado para financiar campanhas. Mas pensando bem, usando esse recurso de forma igualitária entre os candidatos o que fará a diferença será a qualidade e as melhores propostas, acabando com o funcionamento do sistema e com isso diminuindo muito a corrupção, comparando os gastos. O financiamento público usará um valor infinitamente menor ao que poderia ser desviado através da corrupção.
Esta mudança que poderia também fazer a diferença, não foi aprovada na íntegra, foi aprovado um texto que faz de conta que muda alguma coisa, foi proibido financiamento dos candidatos por empresas, mas foi permitido que os partidos possam ser financiados, ou seja, tudo continua como antes. A única diferença é que os recursos passarão pelos partidos, deixando, claro, aquela famosa porcentagem que sustenta os cabeças do sistema.
Na semana que vem continuaremos descrevendo as propostas da Reforma Política e, se você tem alguma dúvida, sugestão ou comentário mande um e-mail para [email protected].
Até a próxima e uma semana abençoada a todos nós.
Harald Dinelly, é administrador de empresas.