Faz escuro, mas eu canto. Este é o título de uma das obras do escritor Thiago de Mello, mas bem pode também ser o clamor angustiado de milhões de brasileiros e brasileiras que não aguentam mais ver tanta roubalheira do dinheiro, da riqueza, do patrimônio pertencente a sociedade brasileira. Falo da angústia de muitos, pois outra parte parece já anestesiada diante da situação achando que do jeito que as coisas estão está tudo bem, ainda dá para ir vivendo. E, a parte que se satisfaz com o banquete da corrupção torce para que mais descrentes engrossem as fileiras dos satisfeitos.
O exercício pleno da cidadania, contudo, passa pelo compromisso com a coletividade, com o bem de todos. É nos escondendo atrás dos nossos compromissos familiares, profissionais ou religiosos que permitimos florescer com vigor a praga da corrupção. Temos que criar o hábito de sermos mais participativos em nossas associações de bairros, associações de classes, sindicatos, associações esportivas e folclóricas, conselhos municipais. Temos que aprender a nos organizar em entidades que acompanhem de perto e com lente de aumento o exercício das contas públicas praticadas pelo executivo e pelo legislativo municipal e também, porque não as contas do judiciário. A corrupção longe de ser prática apenas do serviço público, também está presente nas empresas privadas que funcionam como fonte de recursos para os corruptos do colarinho branco.
A corrupção ou o roubo do patrimônio público é realmente uma prática dificílima de ser descoberta, pois tudo é feito de maneira a não deixar rastros. Já, o resultado da corrupção é muito mais fácil e claro de se ver. De um lado o enriquecimento rápido, as mostras de poder econômico e político manifestamente ostensivos; carros, lanchas, viagens; filhos estudando em escolas particulares que antes não teriam acesso; tratamentos médicos em hospitais de luxo. De outro lado a miséria, a fome, o abandono de milhões de famílias que têm a obrigação de viver com as sobras do banquete corrupto.
Faz escuro, mas eu canto. Sejamos aquele cara chato, impertinente, que reclama que critica que denuncia. Os corruptos procuram desacreditar publicamente seus opositores. Mesmo em nossa comunidade parintinense, existem verdadeiros profetas que levantam a voz, ainda que clamem no deserto. Pessoas que muitas vezes sacrificam sonhos pessoais, familiares e profissionais por acreditarem em uma sociedade mais justa e igualitária. Não podemos deixa-los sós, temos que como velas fracas juntarmos nossas luzes para que a escuridão se dissipe e possamos deixar como legado para as gerações futuras um mundo mais justo e melhor, isto chama-se desenvolvimento sustentável.
Professor MSc. Alberto Ferreira, Curso de Administração da Ufam/Icsez