Imposto demais, serviços de menos

Imposto demais, serviços de menos Foto: Artigo pessoal Notícia do dia 20/07/2015

A população brasileira de maneira geral paga através do recolhimento dos tributos a prestação dos serviços públicos disponibilizados para o atendimento de suas necessidades. A população parintinense por fazer parte do estado federativo brasileiro, portanto, também paga para ter serviços públicos que atendam suas necessidades no que se refere à educação, saúde, infraestrutura urbana e segurança entre outros. É bom que fique claro que essa população paga, e paga caro por serviços que infelizmente não condizem com o que é arrecadado pelos governos federal, estadual e municipal.

 

Infelizmente, no período que compreendeu a semana de 13 a 19 de julho presente, dois representantes da segurança pública atuantes no município de Parintins, fizeram declarações procurando eximir a atuação tanto da polícia militar, como da polícia civil sobre a tragédia que se tornou a vida da sociedade parintinense no que diz respeito a segurança pública.

 

Na primeira declaração o subcomandante da polícia militar no município de Parintins credita toda ação criminosa atuante na cidade à crise econômica que se abate sobre o país. Já a delegada da polícia civil deixa claro em suas declarações que as escolhas dos representantes políticos da coletividade parintinense levam ao exercício do poder pessoas que não estão compromissadas com o bem-estar da população.

 

As declarações deixam claro que o clamor popular por falta de segurança incomodou nossas autoridades, pois de outra forma os mesmos não deixariam de seus afazeres profissionais para defenderem suas instituições. A verdade é que a segurança pública em Parintins necessita com urgência apresentar resultados satisfatórios, pois a população já não aguenta mais o estado de insegurança e violência que se instalou no município. Quando as pessoas de bem não sofrem violência nas vias públicas, casas são invadidas por marginais, comércios são assaltados tanto a luz do dia como na calada da noite, enfim, a população não pode jamais estar satisfeita com a atuação das nossas forças policiais.

 

Todo funcionário público é um prestador de serviço da coletividade, sua ação não é diferente de qualquer trabalhador da iniciativa privada, o trabalho bem desempenhado é sua meta primordial. Quando o trabalhador ocupa um cargo de direção, de comando ou gerência suas responsabilidades aumentam ainda mais. Na iniciativa privada um diretor de empresa que não apresente resultados satisfatórios é imediatamente substituído pelo bem e sobrevivência da empresa. No serviço público não é diferente, se o serviço prestado pelo servidor público não atende os objetivos para o qual foi criado. Então, está na hora de se fazer um diagnóstico profundo das causas que estão causando o problema. Veja bem, eu falei em causas, pois, em administração jamais se permite fazer caça às bruxas como se o culpado de um problema estivesse límpido e transparente à frente do administrador. Contudo, aos administradores não se concede o direito da omissão, do erro ou da desculpa.

 

Algumas questões sobre segurança pública podem e devem ser levantadas por quem nela atua: primeiramente, o modelo de gestão do sistema é compatível com a realidade local? O quantitativo de pessoal atuante é o bastante para as necessidades do município? Será que os equipamentos e transportes estão realmente bem dimensionados para a realidade local? Será que medidas simples e mais baratas como o patrulhamento a pé e o uso da cavalaria não coibiriam a ação dos marginais? As deficiências de pessoal e/ou de equipamentos já foram devidamente comunicadas às autoridades do executivo estadual? O executivo municipal ou o legislativo local já foram devidamente comunicados da situação?

 

A população como qualquer beneficiário de um serviço quer soluções para o seu problema, não desculpas. É bem verdade que se a população paga caro e recebe por serviços de péssima qualidade deve-se levar em conta sua omissão no que diz respeito ao acompanhamento das ações dos agentes públicos eleitos ou concursados que a servem, e nesse meio me incluo, exigimos democracia, contudo a democracia que praticamos é representativa e não participativa. Entregamos passivamente nosso destino nas mãos de pessoas às quais confiamos a gestão da coisa pública e não sabemos cobrar com o devido rigor o não cumprimento dessa gestão. Está na hora de uma coletividade mais cidadã, que se mobilize em associações, fóruns e que passe a utilizar as novas tecnologias da informação em benefício da coletividade como um todo.

 

Alberto Ferreira - Professor coordenador do Curso de Administração do ICSEZ/UFAM

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