A polêmica da compra de jurados no 50º Festival Folclórico de Parintins na mídia nacional

A polêmica da compra de jurados no 50º Festival Folclórico de Parintins na mídia nacional Notícia do dia 09/07/2015

Brilhantismo, espetáculo, investimento público/privado e a polêmica de compra de votos de jurados no 50º Festival Folclórico da cidade de Parintins, interior do Estado do Amazonas ganhou as páginas do noticiário nacional nesta última semana. A Folha de São Paulo, importante veículo de comunicação do país, na edição do dia 9 de julho de 2015, destaca o evento com a polêmica de “compra votos de jurados por diretos do Boi Caprichoso” e a ação do Ministério Público para apurar denúncias.

 

Essa repercussão pode prejudicar os investimentos no setor de turismo para a cidade de Parintins que recebeu grande demanda nesta última edição do festival. Com uma grande estratégia de marketing e mercado, a empresa organizadora do festival, conseguiu captar grande número de turistas nacionais e internacionais. Essa organização gerou uma nova perspectiva em relação ao tipo de turista que um grande evento proporciona.

 

Um comparativo entre as edições passadas, neste ano, durante e após a festa, a cidade não acumulava quantidades de resíduos produzidos pela venda produtos, a não ser pelos resíduos das residências. A cidade respirou outros ares, ares como antes não experimentados; o comércio na sua maioria conseguiu gerar o lucro esperado; a rede de hotéis e alimentação obteve grande clientela.

 

Toda essa mudança deve-se ao tipo de turista captado pelo trade turístico na capital do estado e na cidade de Parintins. Jost Krippendorf em 1984, sociólogo na área do turismo, escreveu que em muitos lugares de veraneio famosos a população autóctone sentia mal-estar crescente face ao boom turístico e seus perigos.

 

Esse mal-estar e esses perigos, a população de Parintins já sentiu quando os visitantes, palavra essa para designar o turista, aos milhares desembarcavam dos diferentes tipos de embarcação que aportavam ao longo da orla da cidade, trazendo na bagagem do tipo de apetrecho, bebidas e alimentação, comprometendo a capacidade de carga capaz de suportar centenas de pessoas num mesmo período. Mas esse ano o que se viu foi um movimento muito diferente.

 

Muitas pessoas consumindo a oferta de produtos nos estabelecimentos devidamente legalizados, nas bancas de comidas típicas, era sem dúvida um novo tipo de turista, aquele que os especialistas na área de turismo chamam de turismo seletivo. Algumas disparidades, mas que não comprometem a vinda de turistas, isso se o poder público não tiver uma estratégia para sanar esses problemas.

 

Talvez essa mudança, deve-se a concorrência no transporte aéreo, onde os turistas se sentiram um pouco mais a vontade em escolher a empresa para viajar e que tipo de pacote consumir, pacotes esses já incluindo um lugar dentro do Bumbódromo, seja em camarote, cadeira ou arquibancadas especiais. Esse tipo de propaganda (negativa) deve ser levada em consideração, pois o que está em jogo, não somente a rivalidade das duas agremiações na arena, é o grande número de arrecadação para os cofres públicos para o município de Parintins.

 

Agnaldo Corrêa de Souza - Doutorando do Programa de Pós-Graduação Sociedade e Cultura na Amazônia

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