O volume considerável de águas da enchente ultrapassou o nível dos aterros das orlas com obras em andamento e as construtoras recuaram com os maquinários até o período da vazante. Apesar dos trabalhos paralisados, os moradores estão satisfeitos com os benefícios. “Esperamos por muitos anos essa obra. Melhorou bastante aqui, mas devido essa enchente ser grande, a água cobriu o aterro”, afirma a autônoma, Ivane Farias Abecassis Azêdo, moradora da orla entre Francesa e Santa Clara.
Com o recomeço dos trabalhos, o moradora inicia planejamento para montar um negócio na área e atender a demanda das embarcações que atracam na orla. “O projeto é bonito e contempla toda comunidade. Se sair do papel, realmente vai melhorar a vida das pessoas e se tornar um ponto de referência na cidade. Semana passada, secretários do Governo do Estado vistoriaram as obras e verificaram que não dava para reiniciar os trabalhos por causa da umidade da terra”, destaca.
Opinião
Dona Ivane Azêdo recorda que as obras desde 2012 enfrentam problemas no Ministério Público Estadual por conta da retirada de barro para aterro sem licenciamento do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam). “O promotor André Seffair encontrou irregularidades. Todas as máquinas e funcionários ficaram parados por aproximadamente um mês ano passado. Gostaríamos que ele olhasse para o lado do povo e depois resolvesse a questão com a firma. Sofremos prejuízos e ficamos revoltados com essa decisão. Creio que não terá mais esses empecilhos”, enfatiza.
Para o comerciante da orla do bairro Paulo Corrêa, José Carlos Oliveira, 60 anos, desde o primeiro momento da obra, os moradores observaram melhorias. Há 8 anos, ele vendeu terreno na Rua 10 do bairro e se mudou para a orla onde montou negócio para atender o fluxo de pequenas embarcações regionais como bajaras, bem como canoas com motor de polpa. “Aqui, não passava ninguém antes. Era só uma área de depósito de lixo. Melhorou muito quando jogaram terra. Depois vieram mexer na época da eleição em 2012”, avalia.
De acordo com o morador, com a mudança de administração em 2013, a obra não teve andamento. “Escutei pelo rádio que o prefeito decidiu não prosseguir com a obra por falta de documentações sobre o convênio. Entendi que a construção foi feita de forma aventureira para tentar ganharem eleição em 2012. Ano passado resolveram mexer, mas era tarde. Quando liberaram a terra, iniciou o período chuvoso e a enchente do rio. Conseguiram construir só três degraus da escadaria”, diz José Carlos.
Previsão
O empresário Flavinho da Tercom garante que, consequentemente a descida do rio, haverá avaliação dos danos da enchente para possibilitar a continuidade dos trabalhos nas duas orlas e conclui o projeto de engenharia. Na terça-feira, 22, aconteceu reunião em Manaus entre a empresa e a Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seinfra), para fazer o agendamento da retomada das obras. “Fizemos um trabalho correspondente a 45%.
Agora, vamos analisar a topografia do projeto para ver se tem de subir mais alguns degraus cada uma e finalizar o projeto”, informou. A partir dos estudos de impacto da cheia, o próximo passo visa esperar a descida do nível das águas para os operários com as máquinas retornarem aos canteiros de obras. “Em novembro deste ano, todas as obras serão entregues. Na obra do bairro Paulo Corrêa/União são investidos mais de R$ 3,1 milhões e mais de R$ 3,2 milhões na orla da Francesa/Santa Clara. As questões de licenciamento estão todas sanadas”, pontuou Flavinho.
O engenheiro Elpídio Gomes foi designado pelo Governo do Estado para acompanhar o andamento dos trabalhos até a conclusão.
Gerlean Brasil
Especial Para Repórter Parintins
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