Vazante também é motivo de preocupação

Notícia do dia 22/07/2014 Moradores das áreas alagadas da cidade apresentam sintomas de doenças provocadas em decorrência da vazante do rio Amazonas. A moradora da rua dom Arcângelo Cerqua, bairro Itaúna I, Raimunda de Souza, 59, nome fictício por medo de represálias, disse que deixou de ir ao trabalho por problema de saúde. Há cinco meses começou a sentir dores e coceira no corpo. Dona Raimunda disse a casa onde mora, há três anos, com o marido e três filhos fica o tempo dentro d’ água.

Apesar das dificuldades, até agora não recebeu ajuda do município nem a informação sobre um projeto que beneficie as famílias da área. Ela conta que a Defesa Civil teria afirmado que os problemas causados pela enchente seriam minimizados, no entanto, o único trabalho foi a construção de uma ponte de madeira que não chegou a ser concluída. Em alguns trechos faltou tábua para completar o assoalho e as pessoas arriscam suas vidas em cima de perna mancas. Cerca de vinte famílias residem na rua dom Arcângelo Cerqua com a rua Desembargador Pessoa.

Defesa Civil
De acordo com o coordenador de Defesa Civil do Estado, tenente Wilson Silva, a área rural sofrerá com a escassez de alimento, principalmente com as culturas que tem período mais prolongado e foram inundadas. Outra situação será com o isolamento de muitas comunidades, caso a vazante seja grande. Ele se baseia nas secas que ocorreram em 2005 e 2009 que expôs o ribeirinho à dura realidade. Na zona urbana o problema será por conta das doenças provocadas por água contaminada.

O tenente do Corpo de Bombeiros não quis dar uma declaração sobre a vazante, mas disse que a descida das águas do rio Amazonas está bastante lenta, em torno de 1 centímetro por dia, por isso não quis fazer nenhuma previsão. O coordenador da Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde, Sipriano Ribeiro, afirma que os problemas decorrentes da vazante vão além dos perigos de animais peçonhentos como cobra, lagarta, escorpião a acidentes provocados pelo acúmulo de material cortante depositado na lama que se forma com a descida das águas.

Sipriano avalia que com a vazante surgem diversos tipos de doenças e afetam diretamente as crianças que são acometidas de diarreia, micose provocada pela poeira e até mesmo doenças respiratórias. Ele recomenda que diante do surgimento desses problemas as pessoas procurarem uma unidade de saúde e siga as orientações dos agentes comunitários de saúde. “As pessoas devem usar o hipoclorito de sódio para ajudar na qualidade da água. Seguindo todas essa recomendações a população pode não ser afetadas”, disse.

Assistência
Para o secretário de Assistência Social, Trabalho e Habitação (Semasth), Wanderley Ribeiro Pantoja, existem meios para que os problemas causados pelo regime das águas diminuam. Ele sugere que deve existir fiscalização para que áreas de várzea não sejam ocupadas com construções, pois o crescimento desordenado contribui para que mais famílias sofram com a subida do nível do rio Amazonas. “Percebemos o crescente no número de pessoas que estão sendo atingidas diretamente pelo regime enchente/vazante. Há construções sendo erguidas em áreas consideras de risco. Se não intervirmos o problema pode se agravar ainda mais”, comenta Wanderley.

Por causa dessas ações indiscriminadas a Prefeitura, por meio da Semasth, pretende utilizar o programa Minha Casa, Minha Vida, do Governo Federal, para retirar as famílias das áreas que todos os anos sofrem com os problemas das alagações.

Wanderley Ribeiro considera que durante muito tempo houve erro no processo de planejamento de ações. De acordo com ele sempre se pensou em medidas emergenciais quando, na verdade, o trabalho deveria ser de prevenção. “Nosso trabalho, a partir de agora, tem caráter preventivo. Sabemos que todos os anos milhares de famílias são atingidas pela enchente e o que vamos fazer é evitar que isso aconteça novamente. Temos que retirar essas pessoas das áreas de risco em definitivo. Existem possibilidades e nós vamos lutar para que esse problema não se repita”, explica o secretário.


Neudson Corrêa
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