Promotor constata sucateamento de máquinas da Amazonas Energia

Notícia do dia 08/06/2014 O promotor de justiça de Parintins, André Seffair, indignado com o descaso da Eletrobrás Amazonas Energia diz que “as interrupções e racionamento no setor de energia elétrica em Parintins é o nítido estrangulamento e sucateamento de alguns motores fornecidos para a usina termoelétrica da cidade por empresas particulares”. Seffair afirma que não vai pedir multa ou prisão do agente da Amazonas Energia por conta das interrupções.

“Não somos justiceiro, não vou pedir multa porque quem está à frente da empresa não tem culpa. A culpa é da alta cúpula da Eletrobrás que não investiu nas termoelétricas, criando esse problema nos municípios que ainda possuem a geração por meio de usinas”, declarou. André Seffair disse que a prisão seria um ato ilegal, porque teríamos que prender o ministro de Minas e Energia e à presidente da república que não fez os investimentos nesse setor.

“Irresponsavelmente essas pessoas deixaram o setor elétrico desse jeito. A gente enaltece vilões como sendo heróis e heróis como sendo vilões. Não vou cometer nenhuma ilegalidade, não vou crucificar funcionários em praça pública, porque eles também sentem vergonha dessa situação que a empresa está passando”, criticou.

O agente ministerial foi além, salientando que está na hora de botar atrás das grades os grandes, porque só os pequenos vão pra cadeia. “Não vou cometer ilegalidade para dar satisfação à população. O grande problema do Brasil é que a gente sempre olha para responsabilizar alguém porque tem que ter prisão e quando vai prender acaba sendo o menor, mas o grande que prevaricou, o grande que jogou de forma populista e irresponsável não vai responder nunca”, frisou.

Inspeção

O agente ministerial inspecionando in loco o problema pôde verificar que dois grupos geradores da empresa Aggreko entraram em pane causando os racionamentos, mas a fornecedora imediatamente recuperou as máquinas.

André Seffair explica que existem três empresas que fornecem grupos geradores em forma de aluguel, mas somente a Aggreko possui condições de continuar com o contrato, enquanto as outras duas podem interromper o acordo porque não estariam recebendo o pagamento pela concessão dos motores e não tem como repor outra máquina em caso de uma pane. “Isso é o resultado do sucateamento do sistema elétrico brasileiro, principalmente no quesito de produção de energia por usinas termoelétricas. O que aconteceu em Parintins foi isso”, explicou.

O promotor informou que o parque energético de Parintins está trabalhando no limite, embora tenha uma geração de 15.000 kw, mas a potência disponível chega a casa de 14.640 kw, porque há perdas de cargas das máquinas, o que às vezes gera sobrecargas, desativando o sistema. “Quando você compra uma máquina nova de 2.000 kw (potência nominal), quando instalado o motor só vai gerar 1.700 kw, e com o passar do tempo essa geração quebra mais ainda”, explicou André Seffair.

Fernando Cardoso
Especial Para o Repórter Parintins
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