“Não somos justiceiro, não vou pedir multa porque quem está à frente da empresa não tem culpa. A culpa é da alta cúpula da Eletrobrás que não investiu nas termoelétricas, criando esse problema nos municípios que ainda possuem a geração por meio de usinas”, declarou. André Seffair disse que a prisão seria um ato ilegal, porque teríamos que prender o ministro de Minas e Energia e à presidente da república que não fez os investimentos nesse setor.
“Irresponsavelmente essas pessoas deixaram o setor elétrico desse jeito. A gente enaltece vilões como sendo heróis e heróis como sendo vilões. Não vou cometer nenhuma ilegalidade, não vou crucificar funcionários em praça pública, porque eles também sentem vergonha dessa situação que a empresa está passando”, criticou.
O agente ministerial foi além, salientando que está na hora de botar atrás das grades os grandes, porque só os pequenos vão pra cadeia. “Não vou cometer ilegalidade para dar satisfação à população. O grande problema do Brasil é que a gente sempre olha para responsabilizar alguém porque tem que ter prisão e quando vai prender acaba sendo o menor, mas o grande que prevaricou, o grande que jogou de forma populista e irresponsável não vai responder nunca”, frisou.
Inspeção
O agente ministerial inspecionando in loco o problema pôde verificar que dois grupos geradores da empresa Aggreko entraram em pane causando os racionamentos, mas a fornecedora imediatamente recuperou as máquinas.
André Seffair explica que existem três empresas que fornecem grupos geradores em forma de aluguel, mas somente a Aggreko possui condições de continuar com o contrato, enquanto as outras duas podem interromper o acordo porque não estariam recebendo o pagamento pela concessão dos motores e não tem como repor outra máquina em caso de uma pane. “Isso é o resultado do sucateamento do sistema elétrico brasileiro, principalmente no quesito de produção de energia por usinas termoelétricas. O que aconteceu em Parintins foi isso”, explicou.
O promotor informou que o parque energético de Parintins está trabalhando no limite, embora tenha uma geração de 15.000 kw, mas a potência disponível chega a casa de 14.640 kw, porque há perdas de cargas das máquinas, o que às vezes gera sobrecargas, desativando o sistema. “Quando você compra uma máquina nova de 2.000 kw (potência nominal), quando instalado o motor só vai gerar 1.700 kw, e com o passar do tempo essa geração quebra mais ainda”, explicou André Seffair.
Fernando Cardoso
Especial Para o Repórter Parintins
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