Comerciantes otimistas com a chegada do Linhão de Tucuruí

Notícia do dia 26/05/2014 A confirmação da chegada do Linhão de Tucuruí para daqui a 42 meses a feita pelo Ministério das Minas e Energia traz perspectivas de bons negócios, além de livrar os moradores do pesadelo de décadas de racionamento pela geração de usina termoelétrica instalada no centro da cidade.

De acordo com a gerente da Cerâmica Moderna de Parintins (Cemopar), Lílian de Melo Betti, a expansão do Linhão trará crescimento para o setor imobiliário. A empresa há 30 anos é única olaria no mercado. “Com fornecimento melhor de energia, vamos poder trabalhar de forma contínua, pois hoje não conseguimos, porque as despesas são altas. Temos de manter um abastecimento sempre muito grande pela falta de energia. Com as quedas de energia, usamos geradores e diminuímos a produção”, afirma.

Com a certeza de fonte de energia de qualidade, a Cemopar quer expandir os negócios. “Falta até três quatro vezes por dia. Passamos a noite inteira sem energia e a empresa funciona com expediente de 24h. O forno tem que funcionar sempre. Ele não é movido por eletricidade. A fonte de alimentação é serragem, mas precisa de energia. Na falta de energia, recorremos aos geradores para manutenção da escala industrial. Nesse período do ano, é a pior época de racionamentos”, explica a gerente da Cemopar.

No Distrito Industrial de Parintins, localizado no bairro Dejard Vieira, a família Betti possui uma empresa nova, a Paver Blocos. “Não temos geradores e a falta de energia interrompe toda a produção. Nosso maior problema, com a falta de energia, não é nem tanto a produção, mas os riscos de perda de equipamentos dentro da empresa. São investimentos altos. Querendo ou não, com essa interrupção rápida de energia, pode acontecer algum dano, como já houve diversas vezes”, enumera Lílian Betti.

Com o ‘boom’ da energia elétrica de qualidade trazida pelo Tucuruí, a esperança da Cemopar é ver uma mão de obra especializada ser empregada. “Somos a única olaria e construtora de blocos de concreto. Nós treinamos nossos trabalhadores porque não existe na cidade um campo de capacitação para essa área. Lógico que não terá, sem haver demanda. A partir do momento que aqui virá um polo industrial, vamos ter pessoas altamente capacitadas”, acrescenta.

A ascensão de empresas fará a cidade deixar de concentrar as atenções econômicas só na economia do comércio, funcionalismo público e do festival folclórico. “Acreditamos que todos os setores ficarão fortalecidos. Muita gente faz capacitação, mas não vejo onde essas pessoas podem se empregar aqui dentro de Parintins. Se vira um polo industrial, por exemplo, os técnicos em segurança no trabalho terão oportunidades de ser abraçados pelas empresas”, frisa.

Perspectiva
Natural do município de Batalha, no Estado do Piauí, Moisés Dias Florindo, proprietário do Mercadinho e Panificadora Soberana, no bairro Itaúna II, desembarcou em Parintins em 1986. Ele instalou  primeiro negócio em 1993, no bairro Santa Clara. Em mais de 20 anos, o comércio cresceu e se fixou entre os maiores no mercado em uma das áreas de maior concentração populacional da cidade. Com energia de qualidade proporcionada pelo Linhão, Moisés Florindo vislumbra ampliação dos negócios.

Operários se empenham na construção do Supermercado Soberana e o empresário tem conhecimento de que a energia de Tucuruí dará um boom industrial em Parintins sustentada basicamente pela economia do funcionalismo público e do festival folclórico. “Ficamos na expectativa porque sabemos que é uma energia melhor e não teremos mais problemas como os da termoelétrica que pega os comerciantes, muitas vezes, de surpresa. Considero uma cobrança de taxa de energia muito alta. Como comerciante, chego a pagar R$ 800 só de energia”, declara.

Com poucos frízeres e máquinas de panificação em atividade no comércio, Moisés Florindo diz ser um absurdo a taxa de energia da cidade e crê que com a vinda do Linhão de Tucuruí, Parintins terá avanços econômicos. “Acredito que grandes empresários vão querer se instalar aqui na cidade que faz milagre por falta de fontes de renda, mas consegue fazer investimentos, com montagem de comércios, mesmo sem apoio. Há interesse do empresariado em investir na cidade”, observa o comerciante.

Ele nunca se esquece dos projetos do então deputado federal Carlos Alberto Barros da Silva no início da década de 1990, o primeiro a pensar no Linhão de Tucuruí para resolver os problemas de energia de Parintins. “O Carlinhos da Carbrás tinha essas visões e muitos o chamaram de louco. Assim também, ele falou da ponte para interligar Parintins à Vila Amazônia. Vejo que as pessoas terão melhores oportunidades de emprego. Lembro-me de quando a Caloy deixou de se instalar em Parintins por causa de energia”, recorda Moisés Florindo.        
    
Percurso

Além de Parintins, o projeto ainda contempla municípios da região oeste do Estado do Pará: Juruti, Oriximiná e Almeirim. Com integração ao sistema nacional de energia, a expectativa da população se volta para a instalação de grupos empresariais de todo o Brasil em Parintins, inclusive multinacionais. O município pode se tornar um polo industrial do Amazonas. Outro ponto importante é a expansão urbana para a Vila Amazônia.

O linhão trará a possibilidade de abertura de estradas federais para conexão com o restante do país pela Rodovia Santarém/Cuiabá. No passado, muitas empresas tiveram interesse em investir na cidade, porém a energia elétrica desmotivou. Até mesmo empreendimentos da cidade sofrem com os racionamentos de energia gerados por problemas na usina termoelétrica. A energia de qualidade atrairá também investimentos no setor turístico do município e ocorrerá aumento de empregos na cidade.

O pregão aberto pelo Governo Federal foi vencido por uma empresa espanhola para as obras de expansão de cerca de 230 km.

Gerlean Brasil
Especial Para o Repórter Parintins
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