Produção de juta ameaçada por falta de compradores

Notícia do dia 08/02/2014 Por falta de compradores, o juticultor parintinense poderá amargar a perda da produção das fibras de juta e malva. Incentivados a plantar com objetivo de revitalizar a cultura das fibras, agora enfrentam a escassez de compradores.

Na região da Costa do Amazonas, o juticultor Paulo Lemos, morador da Agrovila do Mocambo, sente na pele todo o seu esforço sendo perdido por não poder vender o estoque de fibras. “Se tivesse no município uma pessoa ou empresa que pudesse garantir a compra do produto anualmente, por um preço justo, todas as nossas despesas seriam supridas”, explica.

Paulo Lemos lamenta que desde 2012 os juticultores da região do Mocambo, Caburi e Ilha das Onças vêm acumulando prejuízos por falta de compradores. “Os que aparecem para negociar a produção querem ditar o preço, alguns nos esnobam. Para não termos prejuízos, somos obrigados a vender o produto por preços inferiores ao de mercado”, lamentou.

O juticultor Aldino Pimentel assegura que esse ano o trabalho de plantio e colheita foi precário por falta de recursos, assistência e o preço que os atravessadores estão oferecendo está abaixo do mercado. “Não há um comprometimento para que possamos comercializar a produção por melhores preços. Todo esforço e trabalho estão perdidos”, explicou.

Há dois anos os ‘juteiros’ começaram a sentir o retrocesso na plantação das fibras por falta de sementes e compradores. O golpe forte veio com a desativação da Companhia Têxtil do Castanhal (CTC) em 2012, a única empresa que ainda comprava a juta no município de Parintins. Antes de ser desativada, a direção da CTC explicou que amargou perda de 25% da sua mão de obra ao despedir 400 trabalhadores.

Embora o Governo do Amazonas e a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) trabalhem junto para tentar tornar o Brasil autossuficiente na produção de juta e malva, buscando novas alternativas para estimular o cultivo de sementes e das fibras têxteis nos períodos diferenciados, ainda não é suficiente para garantir lucro ao produtor.

O Governo do Estado aplicou a subvenção no valor de R$ 0,20 por quilo de fibra, assistência técnica, financiamento e apoio à produção, principalmente com a distribuição de sementes, porém o resultado começou a fracassar por conta da importação do produto mais barato da Ásia e África, prejudicando milhares de famílias que ainda sobrevivem do plantio das fibras.


Fernando Cardoso / Repórter Parintins
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