Tráfico humano: Encontro esclarece um pouco sobre crime contra pessoas

Notícia do dia 21/04/2014 A realização de uma mesa redonda no centro social da paróquia de São José Operário debateu durante três horas o tema da Campanha da Fraternidade 2014, voltado ao comércio ilegal da vida humana, que escraviza mais de dois milhões de pessoas a cada ano, cuja metade é crianças. O bispo de Parintins, dom Giuliano Frigeni, a delegada de Polícia Civil Ana Denise Machado, o comandante da PM, major Valadares Júnior, conselheiros tutelares, representantes de movimentos e Direitos Humanos, além dos familiares de pessoas que desapareceram na cidade estiveram na mesa redonda.

O pároco da paróquia de São José Operário, Pedro Belcred, disse que a ideia de debater o assunto em evidência surgiu dos mais diversos encontros realizados nas casas e vias sacras neste período. O sacerdote comentou que o debate visa conscientizar as pessoas sobre os perigos que esse tipo de crime expõe à sociedade. ?Fiquei feliz pela presença das autoridades que durante três horas puderam ouvir as pessoas sobre um problema que vem se tornando comum no mundo e que precisa ser interrompido?, disse.

Para a delegada Ana Denise é preciso haver a parceria da comunidade e das famílias que já presenciaram esse tipo de crime na família. ?É preciso termos as necessárias informações para podermos atuar e buscar, quem sabe, uma resposta para o possível tráfico da pessoa?, comentou.

O bispo dom Giuliano Frigeni disse que o tema precisa ser abordado não somente na época da quaresma, mas levado adiante para que as pessoas saibam que o tráfico de pessoas está presente entre os parintinenses.  A conselheira tutelar Nilciara Barbosa disse que o encontro fez com que as pessoas pudessem saber como funciona esse crime. ?Alguns casos de crianças e adolescentes que são levadas para outras cidades são acompanhados pelo Conselho?, frisou.

Alternativas
Membros de seguimentos comunitários foram incentivados a identificar problemas e criar as suas próprias formas de lidar com os problemas sociais que deixam as pessoas vulneráveis ao tráfico. O desaparecimento de pessoas no município parintinense continua preocupando as autoridades ligadas à área de segurança pública pelo fato da terra do boi bumbá estar inserida como ponto de referência para o tráfico humano.

O pintor Alfredo Conceição Coelho, pai do dançarino Fredson Coelho, desaparecido misteriosamente no dia 23 de abril de 2011, a caminho de sua residência, no bairro São Francisco, expôs o seu drama e a morosidade da polícia em buscar, pelo menos, uma resposta para a família.

Coelho disse que vai pedir novamente à delegada Ana Denise para reabrir o caso. ?Foi um encontro importante porque reforça a tese de se combater esse crime silencioso, quem sabe desse encontro não está a solução para termos uma resposta para o sumiço de Fredson?, declarou.

Sem solução
Em dez anos, três pessoas desapareceram misteriosamente em Parintins sem deixar qualquer pista que pudessem levar até os seus possíveis paradeiros, até mesmo raptores. Um dos casos de ampla repercussão na cidade aconteceu em 2006. Na ocasião, a estudante Katlen Pinheiro Rodrigues, 07, desapareceu da frente da Escola Presbiteriana no bairro de Santa Rita, onde estudava.

Inúmeras ações de buscas e investigações foram colocadas em prática para desvendar o mistério que ronda o desaparecimento da menor, porém foram em vão. No mesmo ano, outra ocorrência chamou atenção. Desta vez envolvendo uma menor de 09 anos que desapareceu nas proximidades de sua escola no bairro Paulo Corrêa.

Segundo as informações da época, a menor foi vista pela última vez sendo conduzida por um tricicleiro após deixar o estabelecimento de ensino. Os casos de tráfico de pessoas registrados na capital e cidades no interior do Estado chamaram atenção das autoridades da área de segurança.

Fernando Cardoso
Especial Para Repórter Parintins
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