Se a Moda Pega...

Notícia do dia 17/02/2014 Por: João Carlos Siqueira  - professor universitário

 Na quarta-feira, 12, a Câmara dos Deputados proporcionou um momento histórico para todos os brasileiros. Natan Donadon, acusado de formação de quadrilha e peculato (crime que funcionários públicos cometem ao utilizar seus cargos para ganhar vantagens particulares) e condenado a 13 anos de prisão, teve seu mandato cassado por seus colegas de Câmara Federal, em uma votação quase unânime, com 467 votos favoráveis e apenas uma abstenção, feita pelo deputado Asdrúbal Bentes, do PMDB/PA.

No entanto, em agosto de 2013, os mesmos parlamentares que cassaram Donadon votaram contra a perda de mandato, fazendo com que o ex-deputado fosse o primeiro preso-parlamentar da história do Brasil e, quem sabe, da humanidade, jogando os representantes do Legislativo Federal no total descrédito (como se já não fossem desacreditados pela sociedade).

A votação realizada na semana passada foi feita de modo aberto, nominal; ou seja, todo Brasil saberia o voto do deputado, mostrando se o parlamentar estava de acordo com o pensamento de quem o colocou lá ou se estava de acordo com o pensamento do próprio e/ou da legenda que ele representa. Em agosto, porém, a votação foi secreta, e o anonimato fez com que muitos parlamentares jogassem a moral da Câmara na lama (como se já não estivesse por lá há muito tempo). Em ano eleitoral e com votação aberta, é óbvio que Donadon seria cassado. Mas será que se a votação ainda fosse secreta, o resultado seria diferente? Os representantes do nosso Estado, (todos votaram favoráveis), votariam da mesma maneira? A nossa Assembleia Legislativa Estadual, teria a mesma coragem de mostrar a todos os votos dos deputados?

A manobra realizada na Câmara não está relacionada à mudança de pensamento dos deputados, ao contrário, só confirma o que vem acontecendo há muito tempo: os políticos brasileiros, de um modo geral, sempre jogam pra torcida, para sair bonito na fotografia, pensando sempre em benefício próprio. Esperamos que a partir de agora, com o painel aberto, situações como essa não se repita. Se a moda pega é capaz de quererem reverter orçamento, emendas, projetos, a Constituição... Tudo para agradar o povo! Não pelo povo em si, mas para que eles possam permanecer por lá por mais quatro anos.

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