No primeiro dia do ano de 2014, Parintins sofreu com um problema que é comum e que, infelizmente, sua população já está bastante acostumada: A ausência de energia elétrica. A Amazonas Energia, concessionária responsável, justifica que o blackout, ocorrido na manhã da última quarta-feira, foi causado por vandalismo na Avenida Geny Bentes, acreditando que houve confronto entre gangues rivais, e que pedaços de madeira teriam atingido a rede de transmissão, e, consequentemente, causando a interrupção no fornecimento de energia.
Sinceramente, gostaríamos de acreditar que o fato ocorrido no dia primeiro de janeiro seja, de fato, isolado. Entretanto, o histórico não nos permite crer que este acontecimento seja algo corriqueiro.
Quem vive em Parintins sabe que a interrupção de fornecimento de energia elétrica é quase diária, e quem tem condições financeiras ou instituições que dependem desta energia para realizar suas atividades, como bancos, hospitais, entre outros, possuem seu próprio gerador. Ou seja: Parintins já está tão acostumada a viver sem energia elétrica, que parte de sua população, de certa forma, já está adaptada com a realidade da escuridão, e por isso, ?produzem sua própria energia?.
Se a ausência de energia fosse há alguns anos, onde havia racionamento devido a insuficiência de produção, seria tolerável, no máximo, aceitável. No entanto, há pelo menos quinze anos, o Governo do Estado do Pará realizou um programa chamado TRAMOESTE, que trouxe a energia da Hidrelétrica de Tucuruí para toda a região oeste do estado, chegando até a região de Juruti, que fica a menos de 150Km de Parintins.
Você pode se pergunta qual o motivo de citar um programa do estado vizinho, se o problema ocorre em Parintins? A resposta é bastante simples: Este Linhão de Tucuruí já está no nosso Estado, e, inclusive, já chegou a nossa capital, localizada a, aproximadamente, 400Km de distância daqui. Ora, se estamos mais próximos do Pará do que Manaus, este Linhão, fatalmente, teria que passar por aqui. E passa. Do outro lado do rio. A impressão que causa é que o Governo Federal, aqui representado pelo Ministério de Minas e Energia, não deseja fazer o investimento necessário para solucionar o problema.
Imaginem só: Será que a segunda maior cidade do estado, que caminha a passos largos rumo aos 110 mil habitantes, que possui duas universidades públicas, que protagoniza o maior Festival Folclórico do mundo (onde a população da cidade chega a quase 200mil pessoas!), sendo um polo mesorregional do estado, não possui demanda para receber energia de Tucuruí?
Cabe ao Governo do Estado do
Amazonas e à Prefeitura Municipal de Parintins terem vontade e disposição de ir
a Brasília e batalhar por esta extensão do Linhão. Mas, por enquanto, teremos
que nos contentar com o que temos: Energia movida a diesel, e que pode ser
interrompida a qualquer momento, seja por falta de combustível, por um pedaço
de madeira, por ligações clandestinas ou por qualquer outra coisa que consiga
atingir a frágil rede de transmissão de energia elétrica de Parintins.
João Carlos Siqueira / Professor universitário