Risco de contaminação deixa parintinense sem o tucumã

Risco de contaminação deixa parintinense sem o tucumã Notícia do dia 02/09/2013 A morte da estudante Karina Fonseca da Silva, 17, com suspeita de intoxicação alimentar causada pelo uso indevido de carbureto no amadurecimento de tucumã, levou a Vigilância Sanitária suspender a comercialização da fruta na cidade até o resultado das amostras encaminhadas para o Laboratório Central de Análises Clínicas (Lacen) em Manaus. A Fundação de Vigilância em Saúde (FGS) enviou dois técnicos a Parintins para investigar o caso.

Após a morte da estudante na tarde de segunda-feira, 26, a Vigilância Sanitária iniciou o trabalho de recolhimento do produto na Feira Zezito Assayag, na Avenida Paraíba, bairro Itaúna I, para coletar amostras. Conforme informações da família, Karina da Silva teria consumido tucumã comprado pela mãe em uma das barracas em frente à feira na Avenida Paraíba. Por meio da Vigilância Sanitária, a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) pediu investigação da Polícia Civil.

Três pessoas da família da vítima consumiram tucumã e passaram mal, mas recuperaram a saúde, após se medicarem. Um investigador da Polícia Civil, acompanhado de uma equipe da Vigilância Sanitária e Semsa viajou à região do Caburi para averiguar quem forneceu o tucumã para os feirantes das barracas da Avenida Paraíba. A partir da morte da estudante, pelo menos quinze pessoas, de três famílias, procuraram a emergência dos hospitais com sintomas de intoxicação, vômito e diarreia.

A investigação da Polícia Civil e fiscalização da Vigilância Sanitária apreenderam três sacas de tucumã na residência do feirante Marionilson dos Santos Souza. A investigação apurou que o feirante foi quem comercializou a fruta supostamente amadurecida com carbureto. Os tucumãs eram de origem da região do Caburi e aparentavam ter passado pelo processo de amadurecimento precoce pela exposição ao carbureto. A investigação observou frutos com estado de secagem e talos secos como se tivessem sido colhidos verdes.

Opiniões
A utilização do carbureto para adiantar o processo natural de amadurecimento de frutas se tornou comum na região e muitas pessoas estão mais preocupadas com o lucro, do que com a própria vida humana. Sobre o assunto, o médico Oziel Souza opina que o mineral em contato com a água se transforma no gás acetileno. O acetileno provoca distúrbios dentro da corrente sanguínea. Uma vez inalado, qualquer um está sujeito a ter morte instantânea.

“Se o comerciante fizer a utilização do carbureto, sabendo que é prejudicial, pode ser considerado um crime. Infelizmente esse tipo de prática acontece aqui há algum tempo. Lembro que teve um surto há cerca de 5 ou 6 anos com o mesmo tipo de intoxicação. Foram vários casos e ainda se continua esse tipo de prática totalmente irregular. Se tiver outro surto desse aqui, vai comprometer totalmente nosso sistema de saúde”, enfatizou o médico Oziel Souza.

Com sintomas de intoxicação, quatro membros da família da bibliotecária Tatiana Pinheiro Batista deram entrada no Hospital Padre Colombo no dia da morte da estudante Karina da Silva. Eles procuraram a unidade hospitalar, depois de consumirem tucumã comprado na feira Zezito Assayag possivelmente com carbureto. A filha de 8 anos de Tatiana Pinheiro ficou internada, com diarreia com sangue e vômitos. Tarcísio e Natália Pinheiro Batista, além de Jainer Seixas, comeram tucumã quinta-feira, 22, e passaram mal a partir de sexta, assim como a família de Karina da Silva.

Tatiana Pinheiro ressaltou que os membros da família, ao saberem do caso da morte com suspeita de intoxicação pelo consumo do tucumã possivelmente amadurecido com carbureto, retornaram ao hospital por precaução. A bibliotecária acentuou ser falta de humanidade quando as pessoas usam o produto tóxico para adiantar o amadurecimento das frutas. “Não se preocupam com a vida do ser humano. Espero que a fiscalização seja mais rigorosa para evitar riscos à saúde humana”, desabafou Tatiana Pinheiro.

A partir das informações das famílias atingidas por possíveis intoxicações alimentares, a Vigilância Sanitária adotou como medida cautelar a suspensão da venda na cidade e recomenda à população não consumir tucumã, enquanto as amostras são examinadas em Manaus. “Não tem problema nenhum consumir tucumã de árvores dos quintais. A gente põe em alerta toda cidade como medida preventiva. Vamos fazer o monitoramento desses produtos”, garantiu a chefe da Vigilância Sanitária.

Origem do tucumã
Na Agrovila do Caburi, a Polícia Civil e a Vigilância Sanitária recolheram as frutas nos pontos de comercialização. Com a identificação da procedência dos frutos comercializados, a chefe da Vigilância Sanitária, Juliana Castro, destaca a importância do envolvimento de vários órgãos na montagem de estratégia para o produto chegar de forma segura à mesa da população e não se ter preocupação em relação ao consumo de tucumãs contaminados.

 Segundo o investigador Janoacir Marinho, o tucumã foi repassado por uma pessoa da comunidade Palhal e outra da Vila Nogueira, no Lago do Caburi. Na casa do feirante Marionilson Souza, o investigador e a equipe da Vigilância Sanitária ainda verificaram duas sacas de tucumã com terra por cima e cinzas. O feirante declarou que comprou o produto de um rapaz da Agrovila do Caburi. “Trabalho há 10 anos na feira e nunca tinha acontecido isso. Comercializei umas 30 dúzias”, disse.


Gerlean Brasil
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