Exame simples de sangue pode prevenir doença renal crônica

Exame simples de sangue pode prevenir doença renal crônica Notícia do dia 28/08/2013

Exame simples de sangue pode prevenir a doença renal instalada em fase inicial. Em estagio mais avançados, o exame de concentração de fósforo e cálcio (vitamina D) permite um melhor controle da doença renal e mais qualidade de vida para o paciente.

Nos últimos 15 anos, a incidência da doença mais do que dobrou e, segundo dados da sociedade médica, somente 30% dos pacientes conhecem seu diagnóstico. Na maioria dos casos, o diagnóstico só é feito num estágio avançado da doença, em que as únicas alternativas de tratamento são a diálise ou transplante.

Para os pacientes com a doença já instalada, a correta concentração de vitamina D pode prevenir outras sérias complicações, como fraturas constantes.

Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia, a doença renal crônica está assumindo níveis epidêmicos no Brasil: o número de brasileiros já em diálise, fase final da doença, cresce em cerca de 8% ao ano, porém os especialistas acreditam que a doença ainda é subdiagnosticada.

Enquanto no Brasil, para cada milhão de brasileiros, 400 estão em programa de diálise, em países como Estados Unidos e Japão, existem mais de 1.000 pacientes por milhão de habitantes em programa de diálise.

“Esta diferença deve-se ao fato de que muitos brasileiros morrem de doença renal crônica desconhecendo o diagnóstico”, alerta o dr. Hugo Abensur, professor de Nefrologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), coordenador do setor de diálise peritoneal e da Liga de Doença Renal Crônica do Hospital das Clínicas de São Paulo, presidente da Sociedade Paulista de Nefrologia e membro da Sociedade Brasileira de Nefrologia.

A doença renal crônica é caracterizada pela perda lenta e progressiva da função renal - geralmente silenciosa, somente se manifesta quando já em estágio avançado - e tem como causas principais o diabetes e a hipertensão arterial: os níveis elevados de pressão arterial causam um estreitamento dos vasos dos rins e os néfrons (espécie de filtros nos rins) são destruídos progressivamente por falta de irrigação.

Anemia, doença óssea (a vitamina D mais ativa é produzida no rim) e elevação da pressão são algumas das consequências mais graves. Existem cinco estágios da doença, de acordo com o grau de lesão e perda da função renal. No estágio cinco, quando o paciente já perdeu mais de 85% da função renal, é necessária uma terapia de substituição da função renal. Caso contrário, o paciente evoluirá para o óbito.

Quando a doença é diagnosticada em fase inicial, tem tratamento e pode ser controlada. “Medir os índices de creatinina no sangue é uma maneira simples e eficaz de saber se os rins estão funcionando normalmente. É um exame realizado nos mesmos moldes dos testes de glicose de sangue muito comuns. A insuficiência renal é uma doença silenciosa. O paciente só percebe os sintomas quando já está em estágios avançados e deve ser encaminhado para diálise ou transplante renal”, diz o médico.

A creatinina é um metabólito que circula pelo sangue e serve como um marcador do funcionamento dos rins. É derivada da creatina, substância produzida pela musculatura que, ao transformar-se em creatinina, deve ser eliminada pelos rins. O valor da creatinina em indivíduos normais apresenta uma variação em relação ao sexo e ao volume de massa muscular. A sua concentração no sangue é maior nos homens e nos atletas.

Nas mulheres, crianças e idosos, a concentração sanguínea é, proporcionalmente, menor. Seus valores aumentam à medida que ocorre a diminuição da função dos rins; por isso, são utilizados como marcadores da função renal. Os aumentos se tornam significativos quando existe uma perda de mais de 50% da função dos rins.

Função óssea é afetada com estágio avançado

A doença renal crônica em estágio avançado pode afetar a função óssea, levando o paciente a fraturas constantes, dores crônicas, problemas vasculares e morte prematura. Esta condição, chamada de ‘hiperparatiroidismo secundário’, pode ser controlada por outro teste simples de sangue, que mede a concentração de cálcio no sangue, permitindo melhor controle dos níveis de vitamina D e, consequentemente, melhor qualidade de vida para o paciente já em estágio avançado da doença.

Para o controle geral da doença em estágio avançado, existem duas opções de tratamento: transplante renal com doador vivo ou falecido, que oferece melhor qualidade de vida e maior sobrevida; e a diálise, processo de filtragem do sangue com eliminação das toxinas e do excesso de líquido acumulado, que deve ser realizado, em sessões semanais, geralmente em ambiente hospitalar ou em clínicas especializadas.

Prevenção

De acordo com especialistas, os hábitos alimentares saudáveis, peso adequado, não fumar, são algumas das medidas que podem prevenir a doença renal crônica, que hoje afeta milhares de pessoas no País com o aparecimento de novos casos a cada ano. E o melhor é investir na prevenção para combater a doença.

“Com estas atitudes e o diagnóstico precoce, podemos diminuir ou até mesmo evitar a progressão desta doença que causa tantos transtornos para o paciente e de custo elevadíssimo para a nossa sociedade”, acrescenta o dr. Hugo Abensur, professor de Nefrologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e membro da Sociedade Brasileira de Nefrologia.


D24am

 

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