Parintins: o que é preciso mudar para melhor

Parintins: o que é preciso mudar para melhor Notícia do dia 02/07/2013

Imagine um lindo e bem equipado teatro, com infra-estrutura para receber espetáculos de dança, dramaturgia e música. Imagine também  que esse espaço fica localizado em um local distante e recebe apenas um evento anualmente.  Agora pense na figura de um talentoso ator que guarda seu talento e pouco participa de atividades culturais. Em ambos os casos temos exemplos de um ócio desnecessário, de um sub-aproveitamento de potencialidades que, se associadas, poderiam gerar renda em cadeia e fomentar a arte e cultura.  

Parintins é assim: possui um grande e equipado espaço para eventos pouco aproveitado; é ainda um celeiro de artistas que reúnem dom nato e potencial, mas em sua maioria se limitam em sua criação. Parintins é – se não a primeira – uma das mais ricas e de maior vocação turística do Estado do Amazonas.  A ilha tem o palco e os artistas para promover grandes espetáculos. Porém, todo evento precisa muito mais que isso para agradar. O público perde o interesse se paga caro demais para chegar ao local de um evento; se paga caro demais pelo ingresso; se no caminho do evento encontra lixo e o acesso é difícil para quem vai ao local pela primeira vez; se ao sair do local encontra congestionamento e problemas logísticos. Se há problemas, por mais belo que seja o espetáculo, o público deixa de comparecer. 

No caso de Parintins, que possui sem exagero um dos mais belos espetáculos artísticos do mundo, é preciso abrir os olhos e perceber isso (ou querer perceber isso). Deixar de lado o orgulho de produzir uma festa linda para analisar friamente o que falta fora da arena.

Quem convida dá banquete e deve se preocupar com os mínimos detalhes que envolvem o evento. Não adiante servir uma mesa cheia de iguarias refinadas se o atendimento da recepcionista na porta foi ruim, ou se a anfitriã não lhe trata com zelo e educação, ou ainda se o convite para a festa não for claro e deixar de chegar ao convidado.

Para a ilha mais famosa do Amazonas bem receber, ser a anfitriã perfeita, falta muito, muito mesmo. É preciso mudar.  Coisa que até ocorre, mas a passos lentos. A cidade se estrutura e sofre melhorias ínfimas que se impulsionadas por olhares e mentes inteligentes e vontade do poder público, privado e sociedade poderiam ser mais visíveis, eficazes e rentáveis economicamente.

Há anos vou à cidade assim: para torcer pelo boi-bumbá do coração e visitar a família, ou para fazer a cobertura jornalística. Já vi Parintins recebendo tratamento VIP, e com portas abertas por credenciais de impressa, e também sob o sol escaldante, molambento, jogado sobre sarjetas próximas ao esgoto na espera da abertura da fila das arquibancadas gerais. Já trabalhei fazendo receptivo turístico para pessoas de outros estados que se hospedaram em iates e viram uma cidade por um roteiro de sonho desenhado por mim e outra colega de trabalho parintinense. Posso dizer que conheço a ilha, ou melhor, o seu potencial e problemas que desagradam visitantes.

Via A Crítica

Tags: