Cupuaçu na ração do gado bovino

Cupuaçu na ração do gado bovino Notícia do dia 03/06/2013 O primeiro experimento com alimento alternativo regional na dieta do gado bovino no Amazonas, com animal em confinamento, é do município de Parintins. Durante seis meses, acadêmicos do curso de Zootecnia do Instituto de Ciências Sociais, Educação e Zootecnia (Icsez), da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Campus Parintins, desenvolveram o projeto de inserção de resíduos do cupuaçu na alimentação de seis animais, no Parque de Exposições Agropecuárias “Luiz Lourenço de Souza”. Quando passou pelo curso de Zootecnia do Icsez, o professor Daniel Guedes, que atualmente está em uma universidade no Mato Grosso do Sul, idealizou o projeto.

O projeto teve a contribuição do professor do curso de técnico em Agropecuária do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (Ifam), Campus Parintins, Salim Jacaúna, Doutor em Ciência animal e Pastagem.Um dos grandes objetivos do plano é proporcionar dieta aos animais barata e economicamente viável para a engorda do animal em confinamento ou até suplementar em pastejo, a ponto do pecuarista ter boa lucratividade.O pecuarista Everton Ribeiro cedeu os animais para o experimento, concluído em maio.

O professor do Ifam acompanhou o experimento e fez avaliação do desempenho dos animais nos diferentes tratamentos. Em um determinado período da avaliação, observou animal que ganhou mais de um quilo por dia ao consumir as dietas com o cupuaçu.Possíveis explicações em relação ao ganho de peso serão ainda estudadas. Salim Jacaúna diz que a intenção é trabalhar com o resíduo no Amazonas, por ser um Estado produtor da polpa, apesar de uma grande produção ainda ser em determinado período do ano.

O resíduo não tem consistência ao longo do ano. “Se o pecuarista tivesse de usar num período seco do ano como suplemento, teria de comprar mais ou menos de março a abril, quando tem disponível em Manaus”, indica. O uso do resíduo seria uma alternativa aos criadores da região para enfrentamento a enchente na terra firme quando a situação complica pela escassez de pastagem ao gado. A medida previne contra perdas consideráveis, proporciona um gado forte para retornar à área de várzea na época da descida das águas e evita possíveis mortes por atolamento nas terras encharcadas.

Exemplo
A maioria dos estados produtores de carne bovina ou ovina, como São Paulo, na região sudeste do país, utiliza grande da proporção na dieta dos animais com ração, coprodutos da indústria agropecuária. Doutor Salim Jacaúna destaca que em São Paulo, por exemplo, é usado muito resíduo da indústria de sucos como o da laranja. Da laranja  se extrai polpa cítrica para empregar na alimentação dos animais, principalmente em substituição do milho como fonte energética.

“O milho é o grande ingrediente inserido na ração como fonte energética, porém, depende da época do ano e da safra. Como é uma grande comódite e está associado à oscilação de preço no mercado internacional que afeta o Brasil. Então, a ideia é sempre ter produtos que possam substituir o milho como fonte de energia e o farelo de soja como fonte de proteína. No caso, do primeiro experimento aqui no Amazonas, trabalhou-se com resíduo da indústria da polpa do cupuaçu. O coproduto apresenta qualidades muito interessantes e promissoras”, enfatiza.

De acordo com o Doutor pesquisador, o resíduo do cupuaçu apresenta nível de proteína em torno de 20% e preço razoável. “Hoje, por exemplo, o quilo do farelo de soja, grande ingrediente como fonte de proteína, está em torno de R$ 2,00. Já o resíduo do cupuaçu é possível comprar por R$ 0,50, apesar de ter pouca proteína, é um alimento muito interessante”. O projeto piloto no Estado consistiu em diferentes tratamentos e níveis de inserção do ingrediente alternativo regional na alimentação dos animais.

Gerlean Brasil
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