Para tentar reverter o problema de baixa na compra e venda da juta e malva a Secretaria municipal de Produção e Abastecimento (Sempa) irá programar ações de distribuição de sementes e levantar as causas da baixa produção no município. Segundo o secretário de produção, Amarildo Leal, um dos motivos que prejudicou a produção da fibra na região foi as grandes enchentes e a falta de gerenciamento. “Iremos fazer um diagnóstico, ver quais as necessidades dos produtores pra depois repassarmos as sementes para o plantio e trabalharmos na assistência técnica”, assegura.
Crise
No início deste ano o anúncio do fechamento de uma das maiores compradoras de juta e malva surtiu efeito como mais um duro golpe para os homens e mulheres que trabalham com a fibra. A Companhia Têxtil do Castanhal (CTC) foi fechada definitivamente em Parintins no dia 20 de janeiro deixando de atender aproximadamente 250 famílias produtoras de fibras da Região. A CTC atuava na cidade desde os áureos momentos da juta nos anos 70 e em média fazia circular por ano na economia local R$ 400 mil reais na temporada de colheita que vai de fevereiro a julho. Além disso, 30 funcionários temporários deixarão de ser empregados.
Uma placa anunciando o aluguel dos armazéns da empresa, na área conhecida como Caçapava, já pode ser visualizada pelos produtores que procuram a empresa para vender a produção da matéria-prima utilizada na confecção de sacaria biodegradável. De acordo com a ex-gerente local da CTC, Fátima Bentes, um dos motivos que levou a empresa a fechar as portas em Parintins foi a queda na produção acentuada nos últimos anos.
Outro ponto é a concorrência desleal com a sacaria importada de países asiáticos que inundou o mercado brasileiro, fechando outras empresas do ramo do Estado do Pará. “Lamentamos porque muitos produtores têm nos procurado e nos oferecido a juta e a malva. Esperamos que as autoridades possam intermediar a compra”, disse Fátima que trabalhava na CTC há 12 anos.
Retomada
Enquanto Parintins, berço da juta no Brasil, se preparava para reassumir o posto hegemônico na produção de juta e malva, como há mais de 20 anos, os responsáveis pela retomada do plantio na região não tiveram habilidade de reorganizar o setor que também recebeu poucos investimentos por parte da Prefeitura de Parintins.
No entanto, a retomada da produção de juta e malva no Estado do Amazonas ganhou impulso com a entrada em operação da Brasjuta, que está produzindo sacaria no Polo Industrial de Manaus (PIM). O governador Omar Aziz chegou a afirmar no dia 9 de novembro do ano passado, durante inauguração da indústria de beneficiamento, que apostava no reaquecimento do setor no Estado. Para isso, o Governo do Amazonas está investindo em toda a cadeia produtiva, desde o subsídio para garantir preço de venda aos produtores, distribuição de sementes para o plantio, até o produto final.
A Brasjuta é resultado de parceria público-privada envolvendo a Agência de Fomento do Estado do Amazonas (Afeam) e o grupo Mário Guerreiro (Grupo MG). A empresa está produzindo sacaria para embalar o café exportado do Brasil para a Europa. Somente na fábrica, no Distrito Industrial, estão sendo gerados neste primeiro momento 208 empregos diretos, com a perspectiva de dobrar no ápice da produção. Sem contar com as cerca de 2.600 famílias de produtores que cultivam as fibras no Estado.
A Brasjuta é a segunda indústria de sacaria do Amazonas, mas a primeira instalada no PIM. Uma segunda fábrica está implantada em Manacapuru (a 68 quilômetros de Manaus).
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