Inquérito do protesto no Carnailha será instaurado

Inquérito do protesto no Carnailha será instaurado Notícia do dia 17/02/2013 O protesto realizado por um grupo de alunos e professores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e lideranças políticas, no domingo de carnaval, virou caso de polícia por conta de supostos excessos do ativista social Dietrich Mendes contra a ordem pública e acusações de arbitrariedade contra o comandante do 11° Batalhão Tupinambarana de Polícia Militar de Parintins, major Valadares Júnior. De acordo com o delegado da Polícia Civil de Parintins, Ivo Cunha, o caso ainda está em processo inicial e deve ser aberto o inquérito para apurar as denúncias ainda esta semana e em seguida encaminhado ao órgão judicial competente.

Os manifestantes aproveitaram o momento eufórico e a presença de um público estimado em 40 mil espectadores no carnaval parintinense, além da imprensa local e do Estado, para protestar no desfile dos blocos irreverentes contra a corrupção, o aumento no salário dos vereadores, prefeito, vice-prefeito e secretários do município, além de cobrarem a implementação de políticas públicas para a população.

O movimento percorreu toda a extensão da Avenida do Carnailh a entre os foliões do bloco “Os Hippes”. Com as caras pintadas, ostentando faixas e cartazes com frases de efeito o ato foi intitulado “Ali Babá e os 40%” e uma das frases dizia: “Nós protesta, mas nós se diverte”. O grupo chegou a ser ameaçado pó se guranças e ter as faixas tomadas por funcionários da Prefeitura que tentam impedir que os estudantes e professores adentrassem na Avenida do Samba. “Tomaram as faixas do nosso protesto. E que fiquem avisados desde já: se algo acontecer contra minha integridade física, alguém tem alguma dúvida de quem será o responsável?”, questionou o professor de filosofia Alexsandro Medeiros.

Educador
O professor Alexsandro, o presidente do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Dietrich Mendes e acadêmica Ivone Eleotério registraram na mesma noite um Boletim de Ocorrência contra o comandante da Polícia Militar em Parintins, major Valadares Júnior. Segundo os denunciantes o militar teria agredido fisicamente o militante político Dietrich Mendes. Por outro lado, o major Valadares Júnior também registrou Boletim de Ocorrência contra o socialista Dietrich Mendes por desacato a autoridade, calúnia, injúria e difamação.

De acordo com o comandante Valadares Júnior não houve desrespeito com nenhum dos manifestantes e a ação tomada foi para manter a ordem pública. “O grupo já havia feito a primeira manifestação e o Deitrich tinha um cartaz em formato de uma cédula de 100 reais que dizia: “Vale voto”. Porém ele teve uma atitude mais contundente que não achei correta, ou seja, quase esfregando os cartazes no rosto das pessoas nos camarotes”, disse o comandante.

Valadares frisou que chegou a chamar a atenção do manifestante. “Disse a ele se quer manifestar que faça da forma correta. Todo mundo tem a liberdade de se expressar, mas não dessa forma”, argumentou. O comandante disse ainda que não houve agressão física como foi afirmado pelo denunciante. “Nem toquei nesse cidadão. Só discutir com ele verbalmente. Agora ele pode até apresentar alguns colegas dele como testemunhas, assim como eu tenho centenas de pessoas que irão testemunhar a meu favor e dizer a verdade, porque viram a forma como eu o abordei”, afirmou Valadares.
O professor Alexsandro rechaçou a forma com o grupo foi tratado pelos seguranças da prefeitura. “Jagunços tomando nossas faixas. Ditadura em Parintins. Jagunços do Prefeito Alexandre da Carbrás reprimindo o ‘Ali-Babá e os 40%’ no Carnailha em Parintins! Tomaram nossas faixas e todo o público viu! Agressão aos direitos políticos e muito mais. Ditadura?”, bradou o filósofo.

A acadêmica Cláudia Novo lamentou que no exato momento em que os instrumento do protesto eram tomados dos manifestantes estava sendo executada a marchinha que fez referência à liberdade de expressão. “A marchinha dizia: viva a liberdade de expressão. Em Parintins não temos o direito a essa liberdade. Os capangas são cordeirinhos do prefeito”, ressaltou.

Alexandre da Carbrás
O prefeito Alexandre da Carbrás (PSD), questionado pela imprensa sobre o aumento em seu salário, afirmou que não foi ele quem pediu o aumento e muito menos influenciou os vereadores a aprovarem a mudança da lei. “Quem aprovou o reajuste foram, inclusive, os vereadores da legislatura passada”, justificou Carbrás. Ele declarou nos veículos de comunicação da cidade que parte de seu salário como prefeito será doado para instituições filantrópicas de Parintins. A doação será registrada em cartório.

Aprovação do salário
O novo reajuste já beneficiou o prefeito Alexandre da Carbrás. Os vereadores que recebiam R$ 6.150,00 (seis mil cento e cinquenta reais) passaram a ganhar R$ 7.300,00 (sete mil e trezentos reais). Alexandre da Carbrás (PSD) passou a receber mensalmente R$ 22 mil (vinte dois mil reais).
A votação que concedeu o aumento ocorreu durante sessão extraordinária que aconteceu de forma secreta em janeiro deste ano, uma vez que não foi dada a devida publicidade para a comunidade e nem a imprensa teve conhecimento. A reunião contou com a presença de nove dos 11 membros do Legislativo Municipal. O aumento do salário dos vereadores, após a aprovação houve promulgação imediata.

O vice-prefeito Carmona Oliveira também foi agraciado com o reajuste, já que o subsídio era o total de R$ 12 mil e passou para R$ 18 mil. O reajuste para os secretários foi de R$ 2 mil, elevando de R$ 7 mil para R$ 9 mil no salário. No caso da Câmara Municipal de Parintins, o reajuste ocasionará uma elevação no gasto anual de R$ 152 mil, passando de R$ 811,4 mil para R$ 963,6 mil. No Executivo, se contabilizados apenas os salários do prefeito e do vice, o impacto nos cofres públicos será de R$ 123 mil, passando de R$ 159 mil para R$ 282 mil.

Marcondes Maciel
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