Há cerca de cinco anos, os artistas plásticos de Garantido e Caprichoso solicitaram junto a Secretaria de Estado da Cultura (Sec) a ampliação da área de entrada dos módulos de alegorias no Bumbódromo. A Sec acatou o pedido dos artistas e aumentou de 33 para 37,5 metros a área. A medida, segundo os artistas dos bumbás, deu certa facilidade e agilidade na montagem das estruturas alegóricas na arena do Bumbódromo. Com a ampliação, outra conquista alcançada foi uma maior área de circulação para saída e entrada de figurantes.
Atualmente, o problema verificado a partir da instalação da estrutura metálica para iluminação e sonorização, no qual houve a implantação das duas pilastras nas extremidades da arena, é a redução da medida de 37,5 para os 33 metros do projeto inicial. ?Quer dizer, você tem uma estrutura de 32 metros e afunilou para 33 com as pilastras. Realmente você vai ficar com meio metro de espaço em cada lateral da estrutura alegórica. Isso não dá condição nem de um figurante passar, ainda que a fantasia dele seja pequena?, avalia Júnior de Souza.
Outro ponto observado é localização da estrutura suspensa a 21 metros do solo. As alegorias chegam à altura máxima de 16 metros, na maioria das vezes. Na parte aérea, a única implicação seria nas estruturas alegóricas dotadas de asas como pássaros que passavam pelas laterais da arena. ?Ali, se o vão é de 33 e a estrutura tem 30 metros, como vamos passar com uma lança de um pássaro com envergadura de 10 metros? Não vai passar, vai bater na pilastra. Então, a gente acaba por engessar o espetáculo que tinha uma dinâmica e vai ter de continuar, mas é um desafio a ser vencido. Vamos ter de nos adequar a este novo formato do Bumbódromo?, diz o artista.
Júnior de Souza entrou em contato com a Sec há dois meses e questionou o posicionamento das pilastras. O arquiteto informou que o projeto já estava definido e a estrutura em fase de confecção em São Paulo. Ele sugeriu na época a retirada de 56 cadeiras das laterais de cada pilastra. ?Se a estrutura fecha nas pilastras, teríamos uma válvula de escape depois para o lado de cada arquibancada. Não se isso foi feito. Se não for, realmente a gente vai ter muita complicação para colocarmos o boi na arena e darmos uma dinâmica no espetáculo?, reforça.
Caprichoso
O artista plástico do Boi Caprichoso, Algles Ferreira, analisa do ponto mais positivo a estrutura metálica para iluminação e sonorização do Bumbódromo. ?Com certeza, o engenheiro pensou em contribuir com as alegorias, sonorização e iluminação de qualidade. Antes, a iluminação era baixa. Agora, a intenção é pegar um foco de cima, até porque nossa apresentação é teatral a céu aberto?, ressalta. Para o artista, a estrutura coube de uma forma agradável devido à redução de alegorias e materiais como ferragem, revestimento, pintura.
De acordo com Algles Ferreira, os artistas plásticos do Boi Caprichoso trabalham em cima das medidas com a implantação da estrutura metálica na arena do Bumbódromo. ?Todos os artistas do Caprichoso entraram em um consenso sobre o espaço e o tamanho. Então, nossas alegorias foram projetadas e são feitas em cima dessas medidas que tiramos quando fizemos uma visita?, frisa. Segundo Algles Ferreira, o desafio agora neste momento para o Festival é os artistas trabalharem alegorias com visão de 360º graus.
Ele lembra ainda que, a partir das mudanças nos últimos anos do posicionamento dos jurados, as alegorias começaram a ser trabalhadas com visões mais laterais. ?Então, eu não vejo a estrutura como um grande entrave para o Festival. Com certeza o resultado vai ser positivo. É uma experiência nova, trabalhar com sonorização e iluminação vindas de cima. É claro que o ressaltado só vai ser percebido no final do Festival. A gente vai poder avaliar o que foi bom e que não foi. É interessante apreciarmos com carinho a ideia do engenheiro. Tenho certeza que foi pensado o melhor e vai dar certo?, conclui.
Adequação
Na última quarta-feira, 30 de abril, o secretário de cultura, Robério Braga, visitou o canteiro de obras do Bumbódromo, acompanhado dos presidentes de Caprichoso e Garantido. À tarde, houve reunião com representantes dos bumbás e a empresa responsável pelo projeto de adequação e ampliação do Bumbódromo para debater a questão de energia e tirar as dúvidas. Ailton Gonçalves, engenheiro responsável pela montagem da estrutura metálica no Bumbódromo, respondeu aos questionamentos dos bumbás sobre a falta de espaço para entrada dos módulos alegóricos na arena.
Conforme o engenheiro, ?a informação nossa é mediante aos projetos de arquitetura. Então, os bumbás obviamente devem adaptar à entrada das alegorias a essa dimensão livre do espaço entre o arco. Em cima de um desenho de arquitetura, acredito que tenha sido discutido no passado, foi feito todo o projeto e cálculo estrutural. Da atual realidade e como vai ficar a estrutura metálica, evidentemente os bumbás vão ter que fazer alguma adaptação nas alegorias, se possível for, dentro da medida de espaço para a entrada?.
Gerlean Brasil
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