A grande incidência de pragas e doenças nos plantios de
cupuaçuzeiro (Theobroma grandiflorum) no Estado do Amazonas está
desestimulando os agricultores a cultivarem essa fruteira de grande aceitação
no mercado. Nos últimos três anos, a área plantada caiu 54%, passando de 11 mil
hectares para aproximadamente cinco mil hectares. Os dados são do Instituto de
Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas
(Idam), apresentados no projeto ?Pesquisas e Inovações Tecnológicas para o Desenvolvimento
da Cultura do Cupuaçuzeiro no Estado do Amazonas?, coordenado pela engenheira
agrônoma Aparecida Claret, pesquisadora da Embrapa Amazônia Ocidental
(Manaus-AM).
A queda na área
plantada de cupuaçuzeiro se deve à baixa produtividade em consequência da alta
incidência da praga broca-do-fruto (Conotrachelus
sp), a suscetibilidade das plantas à doença vassoura-de-bruxa,
causada pelo fungo Moniliophthora
perniciosa, e ao manejo inadequado da cultura.
O cupuaçuzeiro é
encontrado em toda região Norte, porém o problema da broca-do-fruto é mais
grave nos Estados do Amazonas e Rondônia onde os plantios estão sendo
abandonados devido à alta incidência, e já se tem relato da praga no Pará e no
Amapá. A praga também é problema sério no cacau, principalmente em Rondônia,
sendo, portanto, uma ameaça para essa cultura no Amazonas.
A evolução da
incidência deste inseto-praga nos últimos 15 anos foi grande e as medidas de
controle estão sendo praticamente inviáveis e não se tem alternativas eficazes,
sendo um desafio para pesquisa dar resposta à demanda de produtores por
solução, devido aos prejuízos econômicos que lhes são causados pela praga. O
avanço no conhecimento da bioecologia de Conotrachelus
sp e estudos estratégicos de diferentes métodos de controle poderão
contribuir significativamente para o estabelecimento de táticas que permitam a
implementação de programa de manejo integrado da praga.
Outro problema
importante para a cultura é a doença vassoura-de-bruxa, que está amplamente
distribuída em todas as áreas produtoras da Amazônia. A doença
vassoura-de-bruxa pode causar danos de 40% a 100%.
Para buscar
soluções de controle dessas doenças, a Embrapa Amazônia Ocidental, empresa
vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, apresentou e
teve aprovado o projeto ?Pesquisas e Inovações Tecnológicas para o
Desenvolvimento da Cultura do Cupuaçuzeiro no Estado do Amazonas?, junto à
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). O projeto propõe
ações integradas entre a pesquisa, a extensão e os agricultores, num processo
de pesquisa participativa, com atividades de capacitação a diversos
multiplicadores e troca de informações entre os atores envolvidos na cadeia
produtiva do cupuaçu.
Neste projeto,
que teve início em agosto de 2013 e termina em agosto de 2015, o estudo sobre o
manejo da vassoura-de-bruxa nas condições do Amazonas terá ênfase no controle
genético, cultural, biológico e alternativo, de modo que, em curto, médio e
longo prazo sejam produzidas tecnologias de controle da enfermidade, através do
manejo integrado. A Embrapa contribuirá para o desenvolvimento da cultura no
Amazonas, com inovação de clones selecionados com alta produtividade e
resistência à doença.
O objetivo geral do projeto é desenvolver pesquisas e inovações
tecnológicas como contribuição para o desenvolvimento da cultura do
cupuaçuzeiro no Estado do Amazonas e especificamente se busca ampliar o
conhecimento sobre os aspectos bioecológicos da broca-do-fruto para embasar
estratégias e táticas componentes do manejo integrado deste inseto-praga,
determinar a existência de feromônio sexual da broca-do-cupuaçu e buscar a sua
identificação dentre outras.
A engenheira agrônoma Aparecida Claret explica que as perspectivas
são muito positivas em relação ao projeto, no que concerne a contribuir com
ações inovadoras de pesquisas para o controle da broca-do-fruto e da
vassoura-de-bruxa e ações de transferência de tecnologia, visando estabelecer
estratégias para a sustentabilidade do sistema produtivo do cupuaçuzeiro no
Estado do Amazonas. O projeto está sendo desenvolvido em rede, em parceria
entre Unidades da Embrapa no Amazonas (Embrapa Amazônia Ocidental), Rondônia
(Embrapa Rondônia) e Brasília (Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia),
Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Comissão Executiva do Plano da Lavoura
Cacaueira (Ceplac) do Amazonas e Rondônia, e o Instituto de Desenvolvimento
Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam).
Nos dias 26, 27 e 28 de novembro, os participantes do projeto
estiveram reunidos em Manaus para discutir o desenvolvimento das atividades. Na
quinta-feira (28/11), houve a palestra ?Ecologia Química Aplicada ao Manejo de
Pragas Agrícolas?, proferida pelos pesquisadores Miguel Borges e Maria Carolina
Blassioli Moraes, da Embrapa Recursos Genéticos (Brasília-DF), com o objetivo
de orientar os participantes sobre técnicas e metodologias de pesquisa para
isolamento e identificação de semioquímicos, tais como feromônios, na avaliação
comportamental de insetos e na aplicação no manejo de pragas agrícolas.
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Embrapa Amazônia Ocidental